Caríssimo Felipe Melo
Caro Felipe Melo,
você ganhou meu voto de melhor jogador do SP-18. Mesmo depois de mais uma expulsão desnecessária. Posso até discutir se correta. Mas você e esperto, safo, rodado e inteligente para saber que ainda vão te responsabilizar pela crise em Brasília, em Moscou, no Estado Islâmico e pelo colesterol. Você é o mordomo do futebol brasileiro. Tudo é culpa sua.
Até por isso, na treta em Itaquera, você tinha que dar uma de Miguel. Miguel Borja. “Não é comigo”. Até porque vão fazer que seja. Avisa ao grupo, comissão técnica, torcida, imprensa e imprensinha: não vou me meter. Até porque vão meter em mim. Dá um mim acher. Some. Você soma assim. Não subtrai o time de seu principal jogador no SP-18.
Ganhamos o Derby e perdemos você para a volta ainda indefinida. Uma lástima. Mas uma pena esperada. Você paga pelo conjunto da obra. Sei que é fácil escrever aqui do lado de fora. Mas você é experiente para saber disso.
Torci que no dia de aniversário de um dos maiores volantes do Palmeiras – César Sampaio – você o honraria como o Monstro do Parque Antarctica (na voz do Avallone) sempre fez. Jogando demais e não se perdendo na indisciplina. Jogando a favor da torcida e não para a torcida.
Não deu. Você foi expulso. Mais pelo que criou do que pelo que fez. Mais pelo personagem do que pelo ótimo volante que é. Mais pelo texto de raça do que pelo fato de garra.
Para defender não é preciso atacar. Para ser o que é não precisa dar tapa na cara com responsabilidade. Precisa apenas ser responsável.
Assim como estou aprendendo a te admirar além de respeitar, espero que você aprenda a não se perder. Precisamos de você em campo. Só em campo. Não é pedir demais você não se perder.
Não tem nada ganho. Nem tudo está perdido. Tudo tem volta. Como você voltou muito melhor ao time. Na bola e na boca.