Cent’anni! Palmeiras 2 x 0 São Paulo.
Acordei exatos 3 segundos antes de 6h31, quando o despertador do celular me acordou no hotel no Rio. (E você com isso? Nada. A não ser o temor que me deu: perdi 3 segundos de sono e mais uns minutos de raiva por “acordar” antes da hora… Pensei com o sabonete nos olhos: “isso não é bom negócio… Não é bom presságio para o centésimo jogo palmeirense no Allianz Parque”…).
No avião vi o vídeo que a Jovem Pan editou com meu texto a respeito dos 100 jogos alviverdes. Saindo da TV pro Allianz Parque no final da tarde vi o vídeo oficial que ajudei a fazer pelas 100 partidas no estádio construído pela WTorre. Revi os gols de cobertura contra o São Paulo, em 2015 e 2017. De novo achei que talvez fosse um mau presságio… Nem quis compartilhar muito… Dá zica. Tanto quanto quase todo mundo dando o Palmeiras como megafavorito. Zica inversa.
Apito inicial, Palmeiras atacando para o Gol Sul. Onde normalmente ataca só na segunda etapa. É zica. Não gosto. Não que eu seja supersticioso, que essas coisas dão azar. Mas é bom evitar. Como não é legal enfrentar o São Paulo. Dos poucos times que têm mais vitórias nos confrontos históricos que o Palmeiras. Ainda que o placar agregado no Allianz Parque fosse antes do sexto clássico uma goleada de 16 x 3, com direito a dois gols por cobertura, o Palmeiras sofre demais com o São Paulo…
Mas os tricolores têm sofrido demais com o São Paulo.
Até a bola rolar, havia palpitado 2 a 1 suado para o mandante. Ao final do clássico, fosse 5 a 0 não seria exagero. O São Paulo foi pavoroso. Tem sido muitas vezes. Mas não tanto como no primeiro tempo. Time assustado, desarrumado, desarvorado, destrambelhado, desalmado. Um horror. O Palmeiras foi um espetáculo nos primeiros 45 minutos como não jogava há muitos meses. 2 a 0 foi pouco. Foram 9 chances criadas e apenas um balão de Cueva por cima da meta de Jailson que assistiu a um show alviverde e a um “xô” do São Paulo.
Roger adiantou Felipe Melo para fazer mais uma excelente partida no SP-18. Cometendo a primeira falta com 45 segundos, mas praticamente não perdendo mais nenhuma jogada, anulando Cueva, e empurrando Lucas Lima mais à frente, quase em parceria com Borja (que lutou muito e ajudou demais). Foi algo parecido com o que Carille fez contra o próprio Palmeiras. Com Dudu aberto pela direita comendo com Nutella o fraquíssimo Edimar, e Willian bem do outro lado.
O Palmeiras jogou muito, não deixou o São Paulo jogar, e mereceu abrir o placar aos 9, com Antonio Carlos, como havia feito contra o Santos, aproveitando escanteio. Quando o placar eletrônico repetia o canto do Allianz Parque segundos antes: “vamos ganhar porco”. Como há 10 anos a sensação foi parecida quando Jorge Preá fez o gol da vitória contra a Portuguesa na última bola que encaminhou a melhor campanha e o depois o título paulista de 2008.
O segundo gol foi assim. Jogada bem trabalhada, baita inversão de Dudu, bela chicotada de Victor Luís em sua melhor partida pelo clube, e Borja enfim borjando, aos 32.
Dorival Júnior teve de ousar e trocou três porque não tinha como mudar os 11. Tréllez foi comandar o ataque no lugar do assustado Brenner. Nenê tentou qualificar a direita no lugar do ausente Marcos Guilherme. Petros foi recuado como único volante, e Shaylon deu um pé a ele e tentou arrumar um time perdido. O São Paulo criou quatro das cinco chances no jogo. Até bola no travessão de Jailson mandou. Mas quando o Palmeiras quis jogo, e poderia ter querido ainda mais na segunda etapa, poderia ter feito mais do que já havia feito nas outras cinco vitórias contra o rival. Os 2 a 0 foram até pouco. O Palmeiras jogou mais que em outros Choques-Rei no Allianz Parque. Merecia mais do que o 2 a 0. Foram 15 chances, incluído o lance polêmico e difícil do gol anulado de Borja, aos 37. Até Scarpa enfim foi bem, esforçando-se inclusive na contenção.
Uma das cinco melhores partidas do Palmeiras em 100 jogos no Allianz Parque. Mais uma das piores partidas nos piores anos do São Paulo.
E posso agora dormir. Sem medo do azar. O tricolor, não. Com receio do futuro próximo.
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