Chocho e oxo: Botafogo 0 x 0 Palmeiras, Robertão-67

 

 

“Empatar com o Palmeiras é um excelente resultado”. Palavras de Admildo Chirol, treinador do Botafogo (que seria campeão do mundo

como preparador físico da Seleção, em 1970), em jogo em que o mandante, que seria bicampeão carioca e campeão da Taça Brasil de 1968, ficou feliz em ficar no empate sem gols e sem emoção no Maracanã. Resultado que mantinha o Verdão na ponta do grupo B do Robertão.

 

 

Para Nelson Rodrigues, em sua crônica em O GLOBO, “só com os reservas palmeirenses poderíamos fazer um scratch de altíssima qualidade”. Mas ele também criticava o estilo de jogo da equipe. Uma estocada direta em Aymoré: “é um jogo lerdo, de passes laterais e para trás”. Nelson ia além, naquele estilo exacerbado: “é um time frio. Em momento nenhum vibra, range os dentes”.

 

Não era só isso o grande líder do Robertão de 1967. Mas foi muito disso no clássico mais chocho da campanha campeã. Sem Djalma Santos, que saiu lesionado no 3 x 3 com o Flamengo, no Pacaembu, Aymoré Moreira improvisou mais uma vez Ferrari na lateral-direta (o reserva imediato Geraldo Scalera também estava fora). Na esquerda, estreou no torneio um dos maiores laterais palmeirenses de todos os tempos: Geraldo Scotto, já no final da carreira brilhante. Servílio retomou a posição de titular no lugar de Jair Bala, como ponta-de-lança. Recuperado de lesão na coxa, o artilheiro César também voltou como titular da camisa 9.

 

Os gols, porém, não. O jogo foi amarrado e sonolento, mesmo com duas senhoras equipes. Gerson e Paulo César Caju foram campeões mundiais em 1970. Rogério só não foi por ter se lesionado antes da Copa no México. Jairzinho e Roberto Miranda, outros tricampeões, foram desfalques sensíveis para Chirol.

 

 

O Palmeiras começou um pouco melhor. E foi mais time na primeira

etapa. César e Ferrari criaram alguns lances. Valdir fez belíssima defesa aos 29. No final do primeiro tempo, César e Gallardo tiveram ótima chance numa mesma jogada.

 

O segundo tempo também foi arrastado. O Botafogo, um pouco melhor. Servílio perdeu gol feito aos 32, praticamente recuando a bola para Cao. O resultado foi justo.

 

Rinaldo foi o melhor em campo. Valdir foi bem nas poucas vezes em que foi acionado. Jorge, quando entrou na lateral-direita, foi bem. Ferrari sofreu na segunda etapa contra Rogério, na lateral-esquerda.

 

Ademir teve a atuação mais apagada no torneio. Dudu foi melhor na segunda etapa, justificando a manutenção entre os titulares no lugar de Zequinha. César sentiu a lesão muscular na coxa esquerda e saiu antes do jogo.

 

Foi o jogo mais chato do Palmeiras no Robertão. Mas o empate foi bom. Os 10 jogos em 34 dias também contribuíram para a má atuação da equipe.

 

“Para um jogo tão ruim, só um empate de 0 x 0”, terminou com a conversa Aymoré. Como dizia o locutor Walter Abrahão, empate sem gols era “oxo”. Oxo. Como as via e se lia no placar.

 

(Leia os outros jogos da campanha campanha do primeiro Robertão na sessão ESPECIAL ROBERTÃO 67. É só clicar).