O começo da fila: 22/8/1976

Os gols de Palmeiras 2 x 1 Corinthians, SP-76, na Band

Não era mais Academia. Mas ainda era o Palmeiras de Leão, Edu, Nei, Dudu no banco, e no campo a divindade de Ademir da Guia, em uma de suas melhores fases. Time dos recém chegados Jorge Mendonça e Toninho fazendo gols, o recém revelado Pires fazendo a de Dudu na cabeça e no coração da área, o ótimo Rosemiro na reserva de Valdir, e a zaga eficiente com Samuel, Arouca e Ricardo completando o time campeão paulista de 1976. O da foto no jogo das faixas, no Morumbi, em 22 de agosto, contra o Corinthians, fechando a bela campanha no returno.

2 a 1 neles. 2 a 0 com 12 minutos. O segundo gol, um espetacular de Mendonça, depois de drible da vaca no goleiro Sérgio, entrando com bola e tudo na meta rival, sendo chutado pelo Ademir deles. Nada divino.

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O jogo das faixas de 1976. Quando Dudu não pôde jogar alguns minutos para encerrar a carreira porque no Palmeiras não registraram o contrato dele. O primeiro jogo em que os rivais levaram uma bandeira com um porco e gritando aquele “porcoooooo” que tanto nos irritou por 10 anos.

Na prática, foi o primeiro jogo da fila sem títulos. A ser quebrada 16 anos no mesmo campo. Contra o rival de sempre.

Paulista de 1976 que ganhamos antecipado no jogo anterior, vencendo o bom XV de Piracicaba (que acabaria vice) em 18 de agosto. Palestra lotado como nunca antes e nem depois. Mais de 40 mil oficiais. Um monte a mais de fato entre amadores do “Verdão campeão, ano sim, ano não”, como se sabia então.

O gol de Jorge Mendonça, na Jovem Pan, com imagens da Band

Em 1977 foi tão “não” que o maior rival acabou com 22 anos de jejum – 25 dias depois da ascensão de Ademir da Guia a outros campos. Em 1978 foi “não” mas foi vice brasileiro. Em 1979 tinha de ser ao menos campeão paulista pelo bolão que jogou, e por terem jogado as finais pra depois de 1980. O ano mais “não” até então. Só 16º no Paulista. Taça de Prata-81. Não! 1982 de novo alijado da primeira divisão! Nããão! 1983 foi Palmeiras como Palmeiras. Mas acabou como aquele Palmeiras dos 80: nãããããão…

1984 parou no doping. 1985 no XV de Jaú. Vai tomar…!

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Na Inter de Limeira em 1986. Tomar no meio das pernas em 1987. 1988 o Palmeiras fez gol pro rival se classificar. 1989 fez tudo certo até morder cachorro em Bragança. 1990 quebrou troféu depois da Ferroviária. Em 1991 perdeu pro regulamento burro do Paulista. Em 1992 começou a época das vacas gordas da Parmalat.

Em 1993, a Via Láctea estrelou o Dia dos Namorados.

Pelo 12 de junho valeu 16 anos de espera. Mas naquela noite de 18 de agosto há 41 anos, depois do gol de Jorge Mendonça, não havia naquele Palestra cheio, ou em qualquer parte do país que foi nosso mais do que qualquer um no século XX, quem pudesse imaginar a longa noite sem Palmeiras.

Quando acabou o jogo contra o XV, visto pela TV por causa do trabalho do meu pai, ele abriu um vinho, fomos dormir cedo, é só. Tinha aula no dia seguinte. Rotina tão sabida como Palmeiras campeão. Celebrei na escola. Zoei amigos. Fui com a camisa por baixo do uniforme. Mas era sempre assim. Não “precisava” celebrar tanto. Em 1978, “ano sim”, teria mais…

É…

Mas quer saber? Eu esperaria 16 anos de novo por 12 de junho. E sei que muitos pensam, ou melhor, sentem assim. E sei que muitos, do lado alvinegro da força, não admitem, mas “sim”.

Por isso que campeonato sim, torneio sim, tome vinho sem moderação, tome fôlego e toda a alegria para celebrar não só conquistas. A rotina também. Quem sabe o que vai ser amanhã?

A única certeza dos 40 mil de 41 anos atrás, dos milhões desde então, é que todo dia é motivo não para comemorar título. É para celebrar Palmeiras.