Como Luxa e Telê contribuíram para a história de Felipão no Palmeiras

Foto: César Greco/ Ag. Palmeiras/ Divulgação

O retorno de Luiz Felipe Scolari ao Palmeiras marca um ponto de reflexão para a atual diretoria sobre os caminhos que ela mesmo determinou para o time.

Presidência e diretoria executiva abrem mão dos acadêmicos para dar vez a experiência e ao estilo pulsante de Big Phil.

Apesar de ser um atestado de que o planejamento foi por água abaixo, a prática não é novidade, nem no Palmeiras, muito menos no futebol nacional.

A primeira vez de Felipão no Palmeiras ocorreu em circunstâncias parecidas. Sem acadêmicos antecedendo, mas na condição de bombeiro. E o incêndio era dos grandes.

Início de 1997. Diretoria e torcida ainda inconformadas com o fato do grande time de 96 ter conquistado apenas um Campeonato Paulista. Sim, o time dos 102 gols no estadual naufragou na Copa do Brasil. Foi vice para o Cruzeiro.

No Campeonato Brasileiro daquele ano parou no Grêmio, nas quartas de final. O time gaúcho chegaria ao título naquela decisão contra a Portuguesa. Moral da história: com um dos maiores times de todos os tempos, o Verdão não conseguiu classificação para a Libertadores do ano seguinte.

Do Paulista para a Copa do Brasil e o Brasileiro o Verdão perdeu Muller, que estava emprestado de uma equipe japonesa, aceitou a proposta do São Paulo e ficou fora da decisão. No Brasileiro outras peças importantes como Rivaldo e Amaral também foram negociadas.

Luxembrurgo era o técnico, mas não resistiu à queda no Brasileirão, no fim de novembro. Com a expectativa causada pelo grande time de 96 como a diretoria poderia responder ao torcedor? Mostrar que continuaria o trabalho em busca de grandes conquistas.

A solução do diretor-executivo da Parmalat, José Carlos Brunoro, foi mirabolante. No início da temporada 97 anunciou Telê Santana como novo técnico do Palestra. O único problema é que Telê se recuperava de uma isquemia que havia sofrido um ano antes e não tinha condições de trabalhar.

No acordo costurado com o Palmeiras, o então auxiliar Marcio Araújo comandaria o time até que o Mestre Telê, homem que fez o Verdão voltar a sonha com títulos em 1979 com um time que encantou o país com seu jeito ofensivo de jogar, se recuperasse plenamente e enfim voltasse a dirigir a equipe.

Claro, isso nunca aconteceu e, no começo de abril as esperanças de ver Telê no comando do time acabaram com o anúncio do fim do acordo. Em campo, um irreconhecível Palmeiras terminava a participação no Estadual em quarto lugar num quadrangular final com os outros grandes. Perdeu as três partidas contra os rivais.

Naquele momento o Palmeiras precisava ser sacodido. Os atletas já não demonstravam comprometimento, ninguém mais ouvia as ordens do técnico. E mais um campeonato ia para o ralo. Marcio Araújo foi demitido.

Para impactar, às vésperas do Campeonato Brasileiro, a diretoria anunciou a chegada do técnico casca grossa e que tantos jogos épicos travara dirigindo o Grêmio contra o Palestra. Era o atual campeão nacional, inclusive. Para ter Felipão o Palmeiras convenceu o treinador a romper contrato com o Jubilo Iwata, do Japão, onde estava há poucos meses. Era o choque de gestão. A chacoalhada que precisava para retomar o caminho.

Naquele tempo a ideia era clara: conquistar a Libertadores e chegar ao Mundial de clubes. Em seis meses Felipão transformou um time desacreditado em vice-campeão nacional. Depois só conquistas.

O segundo regresso é parecido. A direção percebeu que, dentro de campo, não havia mais resposta ao comando. Os atletas estavam perdendo o foco.

Lá se foram 21 anos e as histórias de Palmeiras e Felipão tem outras páginas, com outros capítulos, outras conquistas. Apesar de caminhos diferentes nunca deixaram de fazer parte um da vida do outro.