Copa do Mundo mudou algumas histórias no Palmeiras

A bola parada para a Copa América 2019 talvez possa ter estancado uma sequência espetacular do Palmeiras líder do BR-19. Mas, em 2018, na Copa da Rússia, a parada foi essencial para a conquista do deca. Na última rodada antes do Mundial, o Palmeiras terminou em sexto lugar, com o empate por 1 a 1 no Allianz Parque, contra o Flamengo (então líder do BR-18 com 8 pontos de vantagem sobre o Verdão de Roger Machado). A exata diferença entre as equipes na 38ª rodada, quando o Palmeiras de Felipão foi decacampeão e o Flamengo foi vice. Oito pontos atrás.

Partindo da primeira Copa conquistada pelo Brasil em 1958, como foi o Palmeiras quando a bola parou (para os Mundiais). E mesmo quando ela não parou. Como foi profundamente prejudicado o Palmeiras em 1974.

Copa-58: os torneios estavam parados na conquista na Suécia. O Rio-São Paulo foi no primeiro semestre. O Paulista seria no segundo. Três dias antes da decisão em Solna, os 5 s 2 contra a Suécia, Julinho Botelho estreava pelo Palmeiras dando um show contra o São Paulo. Julinho que só não foi campeão mundial pelo Brasil na Suécia porque considerou “injusto” ele “tirar” o lugar de um ponta que estava atuando no Brasil, já que, na convocação, ele ainda jogava pela Fiorentina, antes de ser comprado pelo Palmeiras.

Copa-62: também não teve jogos de Rio-São Paulo, Paulista ou Taça Brasil no bicampeonato no México. Djalma Santos e Vavá foram os palmeirenses campeões do mundo. O volante Zequinha era reserva. Julinho Botelho e o lateral Geraldo Scotto estavam lesionados e tinham grandes chances de serem convocados por Aymoré Moreira. O goleiro Valdir e o meia Chinesinho tinham qualidade para também defender a Seleção.

Copa-66: pouco antes do Mundial na Inglaterra, em acidente de carro, o lateral-direito Luís Carlos morreu. O meia Suingue ficou gravemente ferido, mas voltaria a atuar. Logo depois o Palmeiras excursionaria pelo Peru. Com Valdir, Djalma Dias, Dudu, Ademir da Guia, Servílio, Tupãzinho e Rinaldo. Todos com nível de Seleção. Todos que menos de um ano haviam jogado com a camisa da Seleção na vitória sobre o Uruguai, no Mineirão. Quando todo o Palmeiras foi a equipe brasileira. Servílio era o destaque da Seleção antes da Copa e foi absurdamente cortado pelo técnico Vicente Feola. No fiasco no Mundial, apenas Djalma Santos atuava pelo Palmeiras.

Copa-70: Taça Cidade de São Paulo foi disputada até abril. Palmeiras e Cruzeiro não disputaram a Libertadores por razões econômicas. No elenco tri mundial no México, Leão e o zagueiro Baldochi eram os palmeirenses. Ademir da Guia poderia ser mais um. Mas ele mesmo admite que não estava em boa fase. De fato, o time campeão do Robertão em dezembro de 1969 não era o mesmo em 1970. Pouco antes da Copa, o Palmeiras excursionou pelo Leste europeu.

Copa-74. Pela única vez na história do Brasileiro, uma equipe disputou TODA a competição com um time misto. O Palmeiras bicampeão brasileiro de 1972-73 cedeu 6 atletas para a Seleção de Zagallo no Mundial na Alemanha. Os titulares Leão e o zagueiro Luís Pereira. O meia Leivinha perdeu a titularidade por lesão. Alfredo e Ademir da Guia só jogaram uma vez. César não foi relacionado. Por causa disso, e da longa preparação para a Copa que começou ainda em março de 1974, o Palmeiras não teve metade do time durante todo o BR-74 que só terminou em agosto daquele ano. A história se repetiu também na Libertadores. Apenas uma equipe se classificava por grupo. O Palmeiras fez 6 jogos com time misto e foi eliminado pelo São Paulo.

Copa-78: acredite. Tinha jogo no BR-78 durante as partidas de Copa do Mundo!?! O Palmeiras também foi prejudicado por isso. O Nacional iniciou em março, quando Leão e Jorge Mendonça (que acabariam como titulares no Mundial na Argentina) já estavam a serviço da Seleção de Coutinho. O calendário era mais bizarro do que o atual. Tanto que o Palmeiras excursionou em maio e junho pela Europa e Japão. Leão foi bem substituído pelo ótimo goleiro paraguaio Benítez. No dia da terceira partida do Brasil na Copa, vitória contra a Áustria, domingo à tarde, o Palmeiras venceu pela manhã o Atlético, em Minas. No dia em que o Brasil foi eliminado com a derrota do Peru para a Argentina por 6 x 0, na mesma hora o Palmeiras empatava com o Vitória, para apenas 1.099 torcedores. Na disputa do terceiro lugar contra a Itália, no sábado, o Palmeiras foi a Campos e perdeu para o Goitacaz por 2 a 1. Foi o primeiro jogo do meia Mococa como titular – e seu primeiro gol, também. No domingo seguinte, Leão e Jorge Mendonça já estavam de volta à equipe. A partir de então o time de Jorge Vieira só perdeu três jogos e acabou vice-campeão brasileiro.

Copa-82: o Palmeiras vendeu Pedrinho que seria reserva no Mundial da Espanha seis meses antes da Copa. E comprou o volante Rocha que não foi pro Mundial… Exemplos de negócios da era da fila. Além de não passar da fase inicial da Taça de Prata (a segunda divisão nacional da época), o time não foi longe na Taça dos Campeões, torneio nacional pouco antes da Copa para preencher calendário. Não houve forneio durante o Mundial na Espanha.

Copa-86: Leão foi o único convocado por Telê Santana para o Mundial no México. Como terceiro goleiro. Atuou até fevereiro pelo Palmeiras. O Paulistão invadiu a Copa. Antes, em maio, o Verdão disputou a Copa Kirin, no Japão. O returno do SP-86 iniciou ainda em maio. O São Paulo foi o mais prejudicado pela continuação da competição, já que tinha 5 na Seleção. Leão volto ao time em 6 de julho, no empate com o Santos. Em 27 do mesmo mês, o Palmeiras perdeu para o São Paulo por 5 a 1. Mas devolveu o placar no Derby em 3 de agosto. Um mês depois perderia a decisão do SP-86 para a Inter de Limeira. A
Copa não fez estragos na equipe.

Copa-90: em maio, antes do Mundial na Itália, o Palmeiras perdeu a vaga para a Copa do Brasil de 1991 ao empatar com o Bragantino no Palestra. Jair Pereira perdeu o cargo. Pouco antes da Copa o time perdeu o torneio Vicente Matheus. Telê Santana assumiu a equipe logo depois. Durante a Copa disputou alguns amistosos. Logo depois a equipe encorpou até ser eliminada melancolicamente da final do SP-90 com empate medíocre no Pacaembu contra a Ferroviária, já em agosto.

Copa-94: Mazinho e Zinho foram titulares do tetra nos EUA. O timaço que era campeão brasileiro e seria bi em dezembro de 1994 ainda poderia ter cedido ao time de Parreira os zagueiros Antonio Carlos e Cléber, o lateral Roberto Carlos, o volante César Sampaio, e os atacantes Edilson, Edmundo e Evair. Pouco antes da Copa o Palmeiras conquistara o bicampeonato paulista. Jogou amistoso contra a Colômbia (uma das sensações do Mundial) e perdeu por 3 a 0 – dois gols de Rincón, que estava deixando o Palmeiras para jogar no Real Madrid. Durante o Mundial excursionou por Rússia e Japão. Esta turnê foi determinante para o time não ir além na disputa pela Libertadores. Ó time fez amistoso no Japão na terça, chegou a São Paulo na madrugada de sexta, e perdeu no Morumbi para o São Paulo, uma semana depois do tetra. E atuando dois dias antes (e também um dia depois) com o time C na Copa dos Bandeirantes. Ganância e mai planejamento do clube prejudicaram o time naquela Libertadores. A parada pra Copa foi péssima.

Copa-98: não havia atleta do Palmeiras da Parnalat no grupo vice Mundial na França. Mas 8 dos 22 haviam jogado ou atuariam depois pelo clube. Em 30 de maio, pouco antes da estreia na Copa, o Palmeiras venceu a primeira Copa do Brasil. Também porque o Cruzeiro estava sem Dida, servindo a Seleção de Zagallo. A equipe de Felipão fez alguns amistosos em Goiás pouco antes do Mundial.

Copa-02: ano para esquecer do clube. Eliminado na Copa do Brasil pelo ASA. Pelos cartões amarelos (?) na semifinal do Rio-São Paulo. Não passou da primeira fase do Supercampeonato Paulista, em maio. Voltaria a campo logo depois na Copa dos Campeões, depois do penta na Ásia. O Brasileiro quando seria rebaixado começaria em agosto. O time de Luxemburgo tinha Marcos como titular absoluto na conquista da Copa. Além dele, mais 11 atletas que jogaram ou depois jogariam pelo clube. Sem contar Felipão como treinador e outros membros da comissão técnica que trabalharam no clube. Muito do penta se deve ao Palmeiras das vacas gordas da Parmalat. Embora Marcos tenha chegado ao clube dias antes do acordo assinado com a multinacional, em março de 1992.

Copa-06: primeiro Mundial na era de pontos corridos. O Brasileiro parou durante o Mundial na Alemanha. Antes da Copa, o Palmeiras foi mais uma vez eliminado na Libertadores pelo São Paulo, em partida de arbitragem polêmica, em maio. No BR-06, na parada para a Copa, o time estava muito mal. Perdera feio para o São Paulo por 4 a 1. Lutava para não cair. Tite fez bom trabalho na intertemporada e engatou 4 vitórias seguidas depois do Mundial. Mas seria demitido antes do fim do ano por problemas internos. Apenas 4 dos 23 convocados por Parreira tiveram passagem pelo Palmeiras.

Copa-10: Parraga era o treinador interino quando o Palmeiras perdeu para o Flamengo no Pacaembu com gol de Vagner Love. Pouco antes da partida de festa para a despedida do Palestra Italia. Derrota para o Boca Juniors por 2 a 0, dois dias antes do final da Copa na África do Sul. Durante o torneio, o Palmeiras acertou o retorno de Felipão ao clube, estreando com vitória contra o Santos por 2 a 1 durante o BR-10, onde a equipe realizou campanha mediana antes e depois. Apenas 4 na Copa de 2010 jogaram ou jogariam pelo Palmeiras, como o volante Ramires, recém contratado em 2019 Ramires.

Copa-14: Terminou muito mal o Palmeiras antes da parada para a Copa no BR-14. O treinador argentino Gareca reformulou o time que ficou pior e só não foi rebaixado com Dorival Júnior no final do BR-14 por milagre. A equipe voltou depois da Copa perdendo o clássico para o Santos por 2 a 0. Apenas dois atletas atuaram pelo clube na lista de 23 de Felipão, que fora demitido pelo clube em 2012 pouco antes de assumir a Seleção.

Copa-18: quando a bola parou para o Mundial na Rússia, o Palmeiras estava a 8 pontos do líder Flamengo. Depois que Felipão voltou 3 rodadas depois do retorno do BR-18, o Palmeiras não perdeu mais e foi campeão abrindo 8 pontos sobre o Flamengo.