Criticar e ser criticado
Você pode me chamar de mau jornalista, má pessoa, nepotista, filho do pai, filho da pauta, mureteiro, indeciso, firuleiro, “isentão” (SIC dos SICS), bairrista, burro, clubista, careca, gordo, feio, lindo, enrolador, embuste, besta, metido, prepotente, passional, parcial, metido a imparcial, fazedor de média, passador de pano, corporativista, esquerdopata, mortadela, vendido, alugado, comprado, terceirizado como o cabelo.
Mas não me chame de não ser palmeirense. O que mais sou. O que não significa dizer que seja mais do que você ou do que ninguém. Ninguém é mais ou menos torcedor. Ninguém ama mais ou menos a sua família. Ninguém pode ou deve comparar.
Na transmissão da rádio que mais abre espaço ao ouvinte desde os anos 1970, um ouvinte falou que a minha distorce contra o Palmeiras e torce a favor de outro clube. E repetiu várias vezes que não torço pelo time que me faz há 29 anos ser jornalista esportivo.
Aceito criticas. É dever de ofício. Porque quem critica merece ser criticado. E o ouvinte que chega chutando que se prepare pra resposta mesmo que seja de Felipe Melo. Tenha ele a idade da minha mãe ou a que meu pai não conseguiu chegar.
Boçalidade não tem idade. Prepotência também não. Não bloqueio nem quem é bloqueado pela natureza. Não tem ouvido por ouvido, língua por língua. Mas se chegar chutando que se prepare para o rebote. Questão de respeito e educação que não têm idade.
Jornalista precisa ouvir. Mas o ouvinte também. Ainda mais um que reclamava que a gente não havia falado o que mais falamos – a melhor partida alviverde em 2019. E que o melhor em campo também fez o pior.
Tem como fazer tudo isso. E tem como tanto ouvir quanto falar.
Perdão pelo textão num fotão. É que esse vale por mil palavras e 10 Brasileiros.