Dando a mão pelo Palmeiras

A história de dois amigos que ficaram unidos além da vitória contra o Fluminense, na semifinal da Copa do Brasil de 2015

 

A história é de novembro de 2015. Mas vale por todos os nossos 103.

Giovani Forati Sarcinella é de Santos. Mas é mesmo do Palmeiras desde que nasceu, 26 anos antes da semifinal da Copa do Brasil de 2015. A amiga dele Brenda Aguiar Costa é de Iguape. É do Palmeiras de Pacaembu, de Palestra, e do Allianz Parque onde ainda não havia conseguido levar o amigo de 15 anos de Verdão e de vida.

google_ad_client = "ca-pub-6830925722933424";

google_ad_slot = "5708856992";

google_ad_width = 336;

google_ad_height = 280;

Na semifinal da Copa do Brasil de 2015 contra o Fluminense, Brenda convenceu os pais de Giovani a deixarem o menino do coração verde ir pela primeira vez ao estádio. Os dois amigos compraram juntos o ingresso pela internet, na véspera da partida de volta, depois da derrota na ida no Maracanã por 2 a 1. Quando deu certo o processo, Gio olhou para a amiga que ele chama de “Benda” e disse sem conter a euforia:

– Vamos ver o Fernando Prass!

Ele mal conseguiu dormir. Brenda também. Mas, antes de deitar, ela conseguiu entrar em contato com o ídolo de Giovani. Contou a história dela e do Gio a Prass. Brenda disse ao goleiro do Palmeiras que os dois estariam torcendo atrás do gol Sul do Allianz, no jogo decisivo da semifinal.

Arquibancada que não existia no velho Palestra. Era o gol das piscinas do clube. Até 2010, ali só tinha gente em dias de jogos lotados nas plataformas de salto e nos trampolins. Era um espaço de sócios que eram torcedores. Agora é dos sócios-torcedores. Dos torcedores mais comuns. Mais Palmeiras. Gente como Giovani. A Brenda. Como todos nós. Especiais. Avanti!

A emoção de Gio chegando ao novo templo tem a gravação no Facebook da Brenda. E é praticamente a mesma de cada palmeirense quando conhece o estádio. Agora a imagem do Gio recebendo um prêmio de Prass não tem imagem. Nem consegue ter letras.

Quando acabou o aquecimento antes do jogo dificílimo, o goleiro palmeirense foi até a direção de Giovani. Brenda já havia gritado para ele. Fernando fizera sinal de positivo antes de se aquecer.

– O Giovani viu o Prass vindo na nossa direção e os olhinhos dele começaram a brilhar de um jeito que não tem o que falar. Como eu não tenho palavras para o que fez o Fernando Prass.

O goleiro tirou as luvas que usou no aquecimento, foi até a arquibancada, e deu o par a Giovani.

O primeiro jogo no estádio do Palmeiras já estava ganho para uma pessoa. Antes mesmo da vitória por 2 a 1. Antes mesmo da disputa de pênaltis naquela mesma meta do gol Sul.

As luvas eram outras. Claro. Mas o Prass era aquele mesmo de Itaquera. Nas semifinais do Paulista de 2015 foi a mão esquerda que garantiu a classificação para enfrentar o Santos. Nas semifinais da Copa do Brasil de 2015 foi a mão esquerda que salvou gol certo de Fred no fim. e foi a mão direita que encheu a meta e desviou a bola de Scarpa que daria em nova classificação contra o Santos. Desta vez, com o final diferente do estadual, reconquistando o Brasil como o maior campeão nacional. Mais uma vez pelas mãos de Prass. E também com o pé direito no pênalti decisivo contra o time da cidade do Gio. Mas não do coração.

Giovani parecia saber de tudo isso antes de acontecer. Mesmo calouro no Allianz Parque, era ele quem acalmava a amiga Brenda nos pênaltis das semifinais contra o Fluminense.

Rafael Marques fez um golaço, no ângulo. Jean, hoje palmeirense, empatou para o Fluminense. Jackson deslocou o ex-palmeirense Diego na segunda cobrança. O ótimo Gustavo Scarpa mandou bem no canto esquerdo, mas o amigo do Gio espalmou. Cristaldo fez 3 a 1. Gum isolou o pênalti dele. Era só Allione fazer o dele no Allianz. Ele encheu o pé e tirou Diego do lance, e o Fluminense do título. All-in-one. Tudo junto!

Vencedor no tempo normal, nos pênaltis e no aquecimento, Giovani voltou para Santos de madrugada com os dois prêmios nas mãos. As luvas do goleiro que levou o time à decisão. E levaria a taça trocando as mãos pelos pés em nova disputa de pênaltis.

Isso tudo é mais que Palmeiras. É futebol (se é que para um torcedor o futebol está acima do clube). Isso é amizade. É dar a mão. As luvas. Os anéis podem ir. A aliança permanece.

Mas Gio precisava mesmo era agradecer a quem dera de tudo para ele ter aquela noite inesquecível para o torcedor na vitória contra o Flu. O palmeirense estava feliz. Mas nenhum como Gio. Ele precisava dar a mão à amiga:

– Benda, eu vou te dar a luva esquerda. Ela é que fica do lado do coração.

Giovani, você não é só pé-quente. Você tem a mão direita ainda mais quente do seu time. Você tem um coração do tamanho do nosso Palmeiras.