De OG Moreira à Eliene e Larah; o Palmeiras também é preto

No dia da consciência negra, Verdão celebra a pluralidade de um clube que soube abraçar todas as cores de um Brasil miscigenado

O Brasil, celebra, no dia 20 de novembro, o dia da consciência negra. A data que faz referência à morte de Zumbi dos Palmares, principal símbolo da luta pela liberdade do povo negro no Brasil, é mais um convite para a reflexão sobre a situação da população negra no nosso país.

Para quem sofreu na pele e sofre até hoje os resquícios de um tenebroso período de nossa história, a data não representa a emancipação total de uma população que foi escravizada em um passado recente, mas serve mais como um dia de desconstrução, de um lugar que ainda sangra com os resquícios do racismo estrutural.

O Palmeiras aproveitou a importante data para publicar em seu site oficial, uma linda história da incrível Vovó do Pito, ilustre palestrina que foi escravizada e fez parte do nascimento do clube, em 1914.

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E não tem como não lembrarmos de OG Moreira, o primeiro negro a vestir a camisa do Palmeiras. O volante revelado pelo Fluminense chegou ao Verdão em 1942, quando o clube ainda se chamava Palestra Itália, e fez história após defender o Palmeiras por oito temporadas e ter feito mais de 200 jogos com a camisa alviverde.

OG foi um dos protagonistas de um dos maiores momentos da história da Sociedade Esportiva Palmeiras. Ele foi o atleta que sofreu o pênalti no famoso Choque-Rei de 1942, no Pacaembu, quando o Verdão morreu líder como Palestra Itália, e nasceu campeão como Palmeiras..

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Og Moreira, o primeiro em pé da direita para a esquerda

Com o placar já marcando 3 a 1 para o Palestra, o São Paulo se recusou a deixar os ‘traidores da pátria’ bater o pênalti. O time do Morumbi desistiu da partida e fugiu de campo.

OG Moreira ainda conquistaria os Paulistas de 1944 e 1947 com a camisa alviverde e foi o grande responsável por abrir caminho para que tantos negros fizessem história no clube.

Sem OG, não teríamos Djalma Santos, Luís Pereira, Jorge Mendonça, César Maluco, Pires, Mococa, Edu Bala, Ademar Pantera, Clébão, Mazinho, Sampaio, Roque Jr, Jaílson, Gabriel Jesus, Zé Roberto, Patrick de Paula, Luiz Adriano, Carla Nunes, Ary Borges e tantos outros personagens.

Que a sua memória fique eternizada e a mensagem de um #PalmeirasdeTodos seja cada vez mais ecoada pelos quatro cantos do Brasil.

Adysson Gustavo Congo fugiu de casa para assistir o Palmeiras, em 2018, com apenas 8 anos de idade (Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras)

Brasil esse que nos reserva histórias como a da Larah e da Eliene, que carregam o amor pelo clube direto de um vilarejo quilombola no Maranhão. Assim como a história do menino Adysson, que, aos oito anos de idade, fugiu de casa para assistir o Palmeiras no Pacaembu.

O 20 de novembro vem para nos lembrar que o Palmeiras sempre foi deles.

Não há como o maior campeão nacional de um país tão preto, não ser, também, preto.

*Há alguns registros de que o Palestra Itália teve negros o representando desde a década de 1920, tanto no futebol quanto no atletismo. Foram eles: Tatu (1925), Arthur Friedenreich (1929), Petronilho de Brito (1930), Moacir (1938) e Macaco (1940).

Porém, OG Moreira segue sendo o mais representativo da história do clube, principalmente por fazer parte do momento em que o Verdão teve de mudar de nome. Por isso, será, para sempre, o primeiro atleta e capitão preto da Sociedade Esportiva Palmeiras.

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