#DeixaElaTorcer: Movimentos femininos estão presentes nas arquibancadas do Palmeiras
Foto: Instagram/bancadavive
Sempre escutei dizer por aí que o futebol é movido por amor. Quando eu era pequena, demorei para conseguir entender o que era essa paixão pelo esporte, esse amor que move a grande maioria do povo brasileiro. A mesma paixão que faz você discutir por conta de uma pessoa que nem te conhece, mas que você sabe como honra a camisa. Conforme fui crescendo, descobri o porquê dessa paixão de muitos. Conheci quanto o futebol encanta.
Ao longo da minha pequena jornada no jornalismo, encontrei pessoas que se tornaram marcos para mim, tanto na representatividade, quanto no amor dentro do estádio. O que trago para vocês neste texto não tem muita relação com as organizadas do Palmeiras, mas sim relação com a paixão da torcida.
Tudo isso começou no ano de 2019, quando escutei pela primeira vez sobre os movimentos de arquibancada do Palmeiras. Primeiro conheci o Verdonnas e depois o ItalianMinas, logo assim me identifiquei com o amor de torcedor, com o que elas sentem. Bem no começo de 2020, no primeiro treinão feminino aberto e no primeiro jogo do time feminino, pude conhecer algumas dessas meninas e me inspirar nelas cada vez mais.
Essas meninas conquistam qualquer um com seu conhecimento aprofundado em futebol e com o jeitinho de ser. A bandeira do “lugar de mulher é onde ela quiser” é muito bem levantada dentro desses dois movimentos, sempre com a intenção de fortificarem a voz feminina no estádio.
O assédio, a falta de segurança e de companhia uniram essas mulheres para manter o seu amor pelo time. “Para mulher se sentir cada vez mais segura, mais à vontade e com mais vontade de ir. É um incentivo para as mulheres frequentarem mais os estádio”, quem conta isso ao Nosso Palestra é uma das fundadoras do Verdonnas Tainá Shimoda.
Os relatos são muitos, as canções machistas e opressoras também, os olhares com segundas, terceiras e quartas intenções, os assédios, histórias dolorosas que nem parecem acontecer em um ambiente que seria de festa. Dentro e fora do estádio a mulher sofre com preconceito silenciado, mas o que essa torcedoras desejam é literalmente o contrário, mostrar e enfraquecer esse preconceito.
“Nós ficamos muito gratas por ver toda evolução e a voz das mulheres na arquibancada”, conta Jéssica Phaiffer, uma das fundadoras do ItalianMinas. Porém, mesmo assim, o futebol ainda é um reflexo eminente da sociedade em que vivemos. Um local que sempre foi e é muito preconceituoso, espelhando novamente nosso dia a dia. É como se os movimentos representassem as lutas de pessoas que não estão nem um pouco relacionadas ao esporte, a finalidade é mudar esse reflexo, quebrar esse espelho.
Pela história contada, os dois movimentos de arquibancadas foram criados pelo mesmo motivo e da mesma maneira, aquele famoso “sem querer” que deu muito certo. Elas marcaram um encontro em um dos jogos do Palmeiras e conseguiram reunir muitas torcedoras. Atualmente, o Verdonnas possui quatro administradoras: Bárbara de Andrade, Larissa Botelho, Larissa Navarro e Tainá Shimoda. Já o ItalianMinas possui três: Camila Gomes, Jackeline Manfre e Jessica Phaiffer.
A intenção deles é a união e não tem nada com brigas ou rivalidades. Cada um tem suas próprias redes sociais e seus próprios locais de encontro, sempre mantendo o foco no motivo pelo qual se juntarão. Com um carinho em especial para o Palmeiras, o de todos! Seja feminino ou masculino, elas se unem para ver, falar sobre o jogo e ainda colocar o papo da família em dia, tudo com muito amor.
Neste dia de dérbi paulista, os dois grupos tentam manter a família que formaram, mesmo que seja com cada uma da sua casa. Como diria Marília Mendonça, “ninguém vai sofrer sozinho” e a intenção dessas torcedoras é justamente de unir-se para acabar com os sofrimentos.
O ItalianMinas e o Verdonnas dão voz e liberdade ao amor que cada uma sente! Entre as vitórias e derrotas, choros e gritos, cervejas e refrigerantes, o Palmeiras é o que une cada uma ali. E o futebol é o que faz elas insistirem e lutarem pelo seu espaço no estádio. A cada dia mais precisamos de vitórias fora dos gramados, por isso, deixa elas torcerem e respeite esse amor!