Desculpa, Felipão. Você não é só o sete a um. Você é o dois a zero

Foto: César Greco/ Ag. Palmeiras/ Divulgação

Seu time foi você quando se lançou para o ataque logo no começo do jogo. E triangulou até Bruno Henrique chapar a bola aos dois minutos do primeiro tempo. Seu time foi você sendo melhor durante toda etapa inicial. Criando chances com os velozes Dudu e Willian. E foi você, principalmente, sempre que Borja virou quase que volante para auxiliar na marcação. Quando não foi zagueiro.

Seu time foi você quando piorou no segundo tempo. Ao se defender mais do que agredir. Ao se prevenir mais do que pensar na possibilidade de remediar. Seu time viu o time deles passar de lá para cá. Assistiu Valdívia mostrar habilidade no drible e no toque. Ficou olhando o chileno ser a peça diferente da engrenagem do Colo-Colo.

E seu time tomou sustos.

Você sabe tomar sustos e não se apavorar. Você é o gol, mas é o carrinho. É a finta, mas é o pontapé. É mais o coração do que tática.

Seu time foi você no contra-ataque. No lançamento do Dracena. Com Dudu perdendo o tempo de bola e desperdiçando grande chance com a perna esquerda que fez falta. Mas Dudu fez seu sorriso aparecer ao receber dentro da área e chutar firme contra o gol de Orion. Seu sorriso é o simbolismo do berro alviverde. Que ainda não é o de classificação. Mas é o de alívio. É o de desculpas.

Desculpa, Felipão. Eu não acreditei em você. Eu duvidei quando você chegou. Pensei em retrocesso, em desatualização, em involução. Pesou o sete a um, a desconfiança, a chuva de críticas que você ouviu quase que calado. Naquele dia, lá em 2014, você falou em apagão. Apagão em campo. Eu confesso: esqueci 1999, esqueci 2002, esqueci você.

Mas você é o Zapata batendo para fora. O Marcos se esticando. O Oséas espiritualizando. O Paulo Nunes arrancando. O Arce cruzando. O Júnior agredindo a bola. O Zinho distribuindo. O Sampaio chefiando. E é o Alex fuzilando. Resolvendo. Passando. É o Evair respeitando. O Euller arrancando. É o Palmeiras ganhando a Libertadores.

Você é o do sete a um. Mas é o do dois a zero. É o quase semifinalista. Quase: porque ainda tem um Felipe Melo para ameaçar derrubar o prédio, colocar fogo no sonho, receber cartão vermelho. Não raciocinar enquanto você verbaliza.

Eu te xinguei quando você chamou o Jean. Quando você sacou o Borja. Quando você colocou um zagueiro para tirar o volante. Quando seu time sofreu mais do que o palmeirense gostaria. Mas pouca gente gosta mais do Palmeiras do que você. E é recíproco, Felipão. Nós adoramos o Scolari. É de alma.
Foto: César Greco/ Ag. Palmeiras/ Divulgação

Você não é só o sete a um. Você é o Palmeiras.