Designer analisa camisas de jogo do Palmeiras desenvolvida pela Puma. Vote na mais bonita

(Fotos: divulgação)

As camisas do Palmeiras desenvolvidas pela Puma têm chamado atenção nesses primeiros dias do ano e caiu nas graças do torcedor, tanto que bateu recorde de vendas no lançamento. A pedido do NOSSO PALESTRA, o designer Glauco Diogenes analisou os modelos de linha, goleiro e feminino. Confira a análise e vote na mais bonita:

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Gostei muito da limpeza (obviamente que não vai ficar assim), o Palmeiras tem muitos patrocínios e que são aplicadas sem uma normatização mais apurada, mas como apresentação de produto somente com o master que o escudo além do símbolo da fabricante fica muito mais valorizado. Dois detalhes que me chamaram muito a atenção, primeiro o tom de verde empregado. Esse é realmente o verde do Palmeiras, clássico. Bem esmeralda mesmo, mais escuro, que carrega a ancestralidade do Palestra, e eu achei inteligente por parte da marca, chegar sem “inventar muito”. Quando você está chegando numa “casa nova”, substituindo um parceiro competente como era o anterior fornecedor, o melhor é “chegar no sapatinho”, e eles acertaram, gostei muito também do detalhe da gola careca em branco, lembra muito as camisas mais tradicionais, mas eles deram o “toque de inovação e contemporaneidade” mantendo as laterais integradas em verde, obviamente que foi por conta do estilo de modelagem, que já é uma das marcas registradas da identidade da PUMA, mas é pra isso que serve o Design, se apropriar de forma inteligente das possibilidades técnicas que o suporte ou matéria prima que irá trabalhar nos oferecem.

Você acaba “se pegando numa viagem saborosa ao passado” com toques de contemporaneidade, golaço. Também gostei do barramento, ou punho em branco da manga, é uma herança de tradição dos uniformes mais antigos e deu a possibilidade de se inserir a bandeira da Itália de forma bastante delicada, o que também não deixa de conferir uma identidade muito própria para este lançamento, sem que com isso, descaracterize o produto. O escudo em bordado sem novidades, eu confesso que gostaria de ver implementos de tecnologia pra esse tipo de recurso, como as camisas da Alemanha e mais recentemente o Athletico Paranaense fizeram, fica com um relevo muito interessante e a textura encorpa o material, mas enfim, tá bem feito o bordado.

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A camisa branca também me agradou muito, carrega essa “Heritage” do clube, pois invariavelmente a camisa reserva utiliza gola em formato V, é muito clássica, o mesmo princípio de aproveitamento da modelagem por conta da costura e termo fusão, na parte do trapézio e ombros eles aproveitaram o espaço para inserir alguns grafismos, que marcam o período de lançamento do modelo, diferenciam de outros uniformes, e também tem uma função “ornamental” que é basicamente de embelezar o produto, sem algum fundamento ou conceito por detrás. Outro detalhe de diferenciação está na aplicação da bandeira na parte interna da gola, como uma “label” de marca mesmo. É um elemento de identidade e praticamente um símbolo adotado extraoficialmente pelo time.

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Os uniformes de goleiros, não só aqui como também no resto do mundo, têm sido alvo frequente de críticas e também de “viagens lisérgicas” por parte dos designers, não são raras as cores fluorescentes, berrantes e até ridículas que têm ornamentado os guardiões das metas. No caso do Palmeiras, até pelo seu histórico de “fornecedor de goleiros emblemáticos para o futebol brasileiro”, até por conta disso, a aposta segura em modelos que retratam a ancestralidade se mostrou assim como no caso dos uniformes, bastante correta. O azul na camisa do Palmeiras embora não declarado é uma espécie de pavilhão, ao ver um goleiro envergando essas cores, sendo torcedor ou não da agremiação, você que é um pouco mais entusiasta do futebol antigo irá recorrer a memórias afetivas do passado profundo do time, e lembrar das figuras de Oberdan Catanni e Valdir Joaquin de Moraes, passando pelos anos iniciais de leão, e invariavelmente se lembrará num passado recente de São Marcos da camisa 12.

Tecnicamente e sob o ponto de vista do design as duas cores: azul para camisa titular e vermelha para a reserva, trazem traços importantes de uma memória afetiva presente no futebol brasileiro, com cortes e adaptações integrados com a exigência moderna a começar pela não disponibilidade, peno menos não à primeira vista de modelos contendo manga comprida, isso ocorre nos tempos atuais por conta da implementação de tecidos tecnológicos que garantem mais leveza e performance na evaporação da sudorese, além do uso das chamadas “underwears” camisas de compressão que são utilizadas coladas ao corpo e possuem o suporte de mangas que alguns goleiros não abrem mão. então invariavelmente veremos os goleiros palmeirenses fazendo uso desse tipo de apoio, exceção feita ao Jailson, que durante o período titular adotou as mangas curtas como uma marca muito própria. Em relação ao Jailson, que foi o modelo para exibição do uniforme cinza claro, que foi apresentado somente depois dos demais. Tenho algumas ressalvas, não sobre o Jailson, que é um excelente goleiro, mas sobre a proposta de uso de cores claras pelos guardardes. Eu particularmente acredito que goleiro deve utilizar cores mais escuras, isso garante uma certa “aura da posição” sempre nos acostumamos a vermos os goleiros do passado envergando cores mais densas, óbvio que tivemos exceções positivas e competentes como as camisas amarelas de Raul PLassmann, ou mesmo as customizações caricatas de navarro montoya, Rogério Ceni e Chilavert entre o meio dos anos 1990 e 2000.

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Sobre os uniformes femininos um dado importante, um apelo recorrente das Palmeirenses dizia respeito a profundidade dos decotes adotados, (que eram muito profundos), no modelo atual proposto pela PUMA isso foi retirado sem que com isso acabasse com a feminilidade e design com modelagem apropriado para as torcedoras. Um movimento estratégico importante da marca, que causa simpatia a fideliza, além de se mostrar sintonizada com o nosso “Zeitgeist”. O ponto alto e resumo dessa história toda é que a Puma surpreende positivamente em sua chegada, apostando em uma pegada mais clássica do que vinha trabalhando, ouvindo os clamores dos torcedores e colocando a equipe de design a serviço das exigências da torcida palestrina que além de altamente apaixonada possui um nível de engajamento e poder de compra incomparável aos demais rivais da capital.