Divino, 76 – como Ademir foi no SP-76

Foi o melhor ano Dele. O do último título Dele. 1976.

Quando Ele parou de flutuar, em setembro de 1977, o campeonato paulista fez a idade que Ele completou no ano passado. 75 anos. Quando Ele parou de jogar o que jogava desde 1961 pelo Palmeiras, não deu um mês e o maior rival voltou a ser o que não era desde 1954. Quando Ele jogou, pelo Bangu, Palmeiras e Brasil, o Corinthians onde o pai Dele brilhou não conquistou título algum. Como maldição, o Palmeiras Dele ficou 16 anos sem títulos. Até o dia em que Ele voltou ao Morumbi. Palco do último jogo Dele em 1977. Contra o mesmo Corinthians. Ele tinha ficado de setembro de 1977 a junho de 1993 sem voltar ao estádio. Quando voltou para pisar no gramado antes da decisão, Ele ajudou a inspirar o Palmeiras Dele. 4 a 0 no rival. Palmeiras de novo campeão.

Teria sido obra do Divino?

Talvez não. Mas é sagrado que o segredo de Pai Domingos para o Filho Ademir da família que nos da Guia nos conduziu com maestria e elegância em títulos desde 1963. Por duas vezes nos fez Academia. Por mais vezes que qualquer outro em 103 anos nos vestiu de verde e de orgulho.

Ademir é quem mais jogou pelo Palmeiras. Em qualquer sentido. Divino é quem mais nos inspira e ilumina em todos os sensos. Da Guia é escola e estirpe. Academia. Virou poesia de João Cabral. Sinônimo de genial. Redundância de celestial.

Ademir da Guia é respeito dos rivais, reverência dos nossos. É um que não nasceu verde. Cresceu no quintal do rival. E vai levando a mesma vidinha humilde de gênio ensinando que sabedoria é guia. Para ser o maior e melhor não precisa gritar e nem bater no peito. Basta dominar uma bola no peito e sair em passadas largas pelo campo. “Lento” para os celerados. Perfeito para os letrados.

Ademir da Guia, 76 anos. Tudo se discute no Palestra há 103 anos. Menos o que é Divino. (Na foto, Joelmir Beting, Ele, Waldemar Fiúme e Oberdan. Três dos nossos seis bustos).