Dos treinos com o primo e das aulas de matemática com a mãe para a seleção do Uruguai. A história do novo lateral do Palmeiras.

Anunciado como novo reforço do Palmeiras, status de maior promessa do país e vaga na seleção do Uruguai, Matías Viña vive, hoje, o auge do sonho, a melhor parte de sua imaginação de criança, mas o início foi penoso. Em documentário produzido e veiculado pela NacionalTv, ele conta como era sua rotina na primeira chance que teve no futebol. “Pegava o ônibus às 5 horas da manhã para chegar ao treino. Era muito complicado. Mas tudo valeu a pena pela conquista desse sonho (de jogar futebol).”

Seus primeiros passos no futebol foram no Clube Unión do Uruguai, um pequeno e modesto clube do país. Todos os dias, Matías, como é chamado pela família, chegava acompanhado de seu irmão e de um primo para aprender a jogar o esporte que anos depois passaria a ser seu maior talento. Ele lembra com afeto desse começo incipiente e com ar de molecagem.

“Vinha treinar com meus primos, tinha quatro anos de idade, acompanhado da minha avó, que ficava sentada acompanhando todos os jogos e treinamentos pela arquibancada”, conta o lateral que algum tempo depois teria sua primeira oportunidade "real" no futebol já em um dos maiores clubes do país, o Nacional.

Com 17 anos, o canhotinho ganhou uma vaga nas equipes de base do tradicional clube uruguaio e aquele momento foi a primeira grande conquista do que Matías via apenas como uma distante possibilidade. “Todo menino que nasce no Uruguai tem um sonho de se tornar jogador de futebol profissional”, ele fala ao lembrar das dificuldades econômicas de se sobressair em um país pequeno e de poucas oportunidades.

O desenvolvimento de Viña, no Nacional, após o sub-20, que ele fala com carinho sobre: “Foi muito lindo. Foi tudo muito rápido, saímos campeões e foi incrível”, no entanto, foi um tanto complexo. Logo que chegou ao time de cima, não conseguiu atuar, mas o ano seguinte reservava a ele o melhor da carreira. “O ano de 2018 foi um dos mais difíceis pra mim, porque praticamente não joguei. Tive muita perseverança. Em 2019 foi tudo diferente, muitas oportunidades, destaque, convocações para a seleção principal”

E que ano foi 2019. A lista de conquistas individuais no novo lateral do Palmeiras é muito extensa: lateral com mais gols e assistências da história do time, defensor com mais assistências no campeonato local, defensor com mais toques na bola na área adversária, uma lista de títulos com o Nacional, convocação, ser marcador de Messi. Viña gerou interesse do mundo inteiro depois de surgir com a lendária camisa azul da seleção.

E sobre ela, ele conta: “Eu não esperava. Foi inacreditável. Estava em casa com a minha mãe quando recebi a notícia. Ela me deu um grande abraço. Foi a recompensa de todo o sacrifício que ela, a minha avó e toda a minha família fizeram por mim. Todos os companheiros me receberam muito bem, tinham alguns conhecidos do Sub-20.”

E a reação da mãe, como ele conta, só mostra ainda mais o caráter familiar que o lateral possui. Inclusive, ele busca uma conquista fora de campo para orgulhar a matriarca que é professora de Matemática e sempre incentivou o atleta a estudar. O jogador ainda não acabou os estudos, em razão da carga de treinos, mas pretende terminar no futuro para cumprir essa satisfação a ela.

Viña é alguém que deixa imensa saudades no torcedor do Nacional. Apegado ao clube, muito talentoso e com valências de moral que o fizeram adorado, ele vem ao Brasil em busca de um salto na carreira e também de gerar dinheiro para melhorar a vida do clube que hoje sofre com as finanças. E como último ato, tentará ser campeão da Supercopa Uruguaia, atuando. Nada que surpreenda depois de conhecermos quem é Matías.

Nota: esses depoimentos foram dados à NacionalTV que, gentilmente, cedeu ao Nosso Palestra. Nós, inclusive, disponibilizaremos, em breve, a íntegra desse material.