(Foto: Thiago Rocha / Arte Palestrina)

O Palmeiras concretizou o empréstimo do atacante Dudu ao Al-Duhail, do Catar, na noite desta quinta-feira (9). Os valores finais da negociação são de 7 milhões de euros (cerca de R$ 42 milhões na cotação atual) pelo contrato de um ano, com uma cláusula de opção de compra por mais 6 milhões de euros (R$ 36 milhões) por 80% dos direitos econômicos de Dudu, caso os cataris desejem manter o jogador em definitivo.

A negociação se desenrola há, no mínimo, duas semanas. Entre as primeiras sondagens e o desfecho, muita coisa aconteceu e os bastidores alviverdes foram agitados. A começar pela acusação de que Dudu teria agredido sua ex-mulher, Mallu Ohanna: embora o camisa 7 negue as acusações, ele sentiu um grande desgaste com toda a situação e com a intensa exposição do caso em sites de fofocas e noticiários policiais.

Além disso, o futebol brasileiro sofre com a perda de algumas receitas importantes devido à pandemia de Covid-19, e com o Palmeiras não poderia ser diferente. O clube esteve propenso a aceitar até mesmo uma proposta de transferência desde o início, contanto que o valor fosse de, no mínimo, 13 milhões de euros (R$ 78 milhões).

Contudo, a negociação esfriou durante a última semana devido à demora dos cataris em enviar qualquer proposta de fato, e não apenas "sondagens". Essa demora causou estranheza nos bastidores palmeirenses. Dudu havia até pedido para treinar em horários alternativos durante alguns dias para conversar com o Al-Duhail, mas com a incerteza gerada na diretoria alviverde sobre sua saída, o atacante voltou a participar das atividades normalmente com o elenco.

Porém, após esse percalço, as conversas entre Palmeiras e Al-Duhail voltaram a se intensificar. Na tarde deste sábado (4), houve uma reunião entre os representantes do atleta e a diretoria palmeirense. O estafe do jogador sugeriu um empréstimo por metade do valor acordado para a venda (que poderia atingir 14 milhões de euros, ao todo) e, após Dudu dizer expressamente que queria sair, o Palmeiras cedeu. Desde então, os mínimos detalhes foram discutidos até o acerto final, ocorrido nesta noite, que se materializará na forma da assinatura do contrato.

Este será um importante desafogo financeiro ao Alviverde em tempos de pandemia. Além do recebimento de R$ 40 milhões por um empréstimo, não será mais necessário pagar o salário mais caro de seu elenco durante o próximo ano, no mínimo. E caso Dudu seja comprado e não retorne ao Brasil, o Palmeiras embolsará mais cerca de R$ 40 milhões, totalizando algo na casa dos R$ 80 milhões, ainda mantendo 20% dos direitos econômicos do camisa 7.

Vale destacar que, embora a crise seja global, o Verdão não tem motivos para temer qualquer tipo de calote ou atraso, pois o dono do novo time de Dudu, Abdullah Al Thani, é irmão do emir do Catar e dono do Paris Saint-Germain, Tamir bin Hamad Al Thani. Com investimentos dessa família, o PSG se tornou potência mundial e o Al-Duhail contratou nomes como Mandzukic e Benatia, jogadores de primeira linha com passagens por gigantes europeus do nível de Bayern de Munique e Juventus.

O fim de uma era

Dudu chegou ao Palmeiras em janeiro de 2015, na maior reviravolta dos últimos tempos do futebol paulista. O atleta, que era disputado por Corinthians e São Paulo, estava acertado com os alvinegros. Alexandre Mattos, então executivo de futebol palmeirense, interveio e o contratou no último instante, quando o jogador desembarcava em São Paulo para assinar com o Corinthians.

Foto postada no instagram de Dudu no dia em que assinou contrato com o Palmeiras

Após passar por um momento ruim nas finais do Paulista daquele mesmo ano, quando perdeu um pênalti no primeiro jogo e foi expulso após empurrar o árbitro Guilherme Ceretta de Lima na segunda partida (o que poderia ter afastado o camisa 7 dos gramados por meses), Dudu deu a volta por cima e se tornou o jogador mais importante do elenco. Em dezembro de 2015, fez os dois gols palmeirenses da final da Copa do Brasil contra o Santos e sagrou-se campeão com o Verdão pela primeira vez.

Em 2016, foi capitão e um dos protagonistas ao lado de nomes como Gabriel Jesus, Moisés e Tchê Tchê na campanha do Eneacampeonato Brasileiro, título que o Palmeiras não conquistava desde 1994.

Em 2018, sob a tutela de Felipão, o Palmeiras conquistou o Campeonato Brasileiro pela décima vez, e Dudu foi o melhor jogador de todo o torneio. O atacante levou a Bola de Ouro para casa naquele ano.

Agora, Dudu deixa o Palmeiras por empréstimo após quase seis anos de clube. O atacante somou mais de 300 jogos, 70 gols e 3 títulos durante sua passagem.