É pra você, Tchê Tchê

É, rapaz, foi um reencontro. Mais um dia de tons épicos entre nós, o Palmeiras e você, meu 8. Lá do Audax, do audacioso projeto que abnegava lógicas, padrões, medos, consequências. Era um charme inconsequente e tresloucado. Era meia, volante, lateral, direita, esquerda, chuta, defende, cruza, intercepta. Erra. Erra. Erra. Era uma final de campeonato paulista e você já era um de nós. Perdeu, mas viria vencer maior e mais forte. Venceu o Brasil. Sentado no banco do Allianz Parque, ensopado de suor e satisfação, chorou junto com todos nós. Lembrou do percurso. Chorou de tesão por ter conseguido. Parecia fim de filme.

Tchê Tchê foi premiado, exaltado, valorizado, alçado de promessa e piada (pelo nome) à desejo e exemplo que os valores vem sim do interior, do pouco badalado. Ascensão meteórica e queda vertiginosa. Perdeu seu Derby e enlouqueceu. Futebol sumiu. Reclamou das posições que os novos treinadores o colocavam, se desencontrou consigo, com seu ótimo poder de futebol e principalmente com a sinergia que aquelas lágrimas campeãs causavam no desejo de fazer mais.

Nunca foi o mais vistoso meia e nem o mais vigoroso volante, sempre foi dedicação pura, pelo time, pelo bem comum. Bem mal feito durante um 2017 escuro, sem graça. Ano novo, titular velho e qualidade envelhecida. Quisemos nós que fosse em barril de carvalho, mas parecia só amargo. Sobrou trança, faltava fibra. Não somos desses que querem “raçaraçaraça”, como um discurso doentio, mas somos sempre os que querem encontrar e tornar vigente o que de melhor há em cada um e aquele Tchê Tchê não era a versão Prime do nosso vídeo game real.

Ontem, foi pressão. Panela, pancada, responsabilidade. Receio de milhões nas costas de um. Foi um pacto de ajuda vinda das arquibancadas, uma vez mais. Dessa vez, teve reação. Você, meu lateralvolantemeia, reagiu. Errou, errou e errou, como já havia feito naqueles tempos atrás, mas quis, quis, quis. Não parou. Não sucumbiu e brigou com as falhas. Matou no peito e no canto direito de Vanderlei uma grande chance de ressignificar o momento e começar de novo.

Ao fim, aquela reação emocionada de outrora. O mesmo pai do Rhavier. Mais velho, um pouco mais experiente e agora, muito mais envolvido. Você, rapaz, aprendeu que aqui a técnica importa muito, mas estar engajado com o desejo do clube e da torcida, viver e sofrer pelos momentos, vale muito mais.

Seja bem-vindo de volta.