Em busca do segundo Brasileiro no ano: Palmeiras 2 x 1 Grêmio, Taça Brasil-67

O Palmeiras reclamou muito do gol em impedimento de Joãozinho na derrota por 2 a 1 no Sul, na primeira partida da semifinal da Taça Brasil-67. O Grêmio reclamou demais do pênalti de Paulo Sousa cavado por Servílio, que abriu o 3 a 1 do Pacaembu, na volta. Todos os jogos mal apitados pelo Sansão, o apelido de Airton Vieira de Morais.

 

Na terceira partida da série, novamente no Pacaembu, dois dias depois, na sexta-feira 15 de dezembro, o Palmeiras jogava pelo empate na prorrogação (pelo saldo maior). Desta vez a arbitragem não influenciou. Mesmo assumida pelo influenciável Armando Marques, usualmente de triste memória alviverde. Principalmente nos anos 1970.

 

O Grêmio hexacampeão gaúcho de Carlos Froner repetiu a formação dos jogos anteriores. Mário Travaglini manteve o 4-2-4 dos 3 a 1 dois dias antes. Mas sem Cardosinho na ponta-esquerda. Ele voltou a sentir a lesão na coxa. Lula foi o titular. Ele seria o ponta da máquina do Inter bicampeã brasileira em 1975-76. Valdir e Djalma Santos seguiam na reserva. Jair Bala também estava machucado.

 

O Palmeiras precisava do empate. Mas buscou a vitória merecida o jogo todo. Joãozinho jogou um pouco mais atrás para conter a a avalanche verde. Servílio e Tupãzinho criaram e perderam muitas chances. César, deslocado pela direita, também. Pelo menos duas na frente do ótimo goleiro Arlindo.

 

O Palmeiras tinha o jogo nos pés até o vacilo de Minuca, que demorou a recuar uma bola a Pérez. Alcindo apareceu no lance e com um leve toque abriu o placar, classificando o Grêmio com o resultado, aos 30.

 

O Verdão não se abateu. Não teve tempo para isso. Trinta segundos depois de sofrer o gol, César recebeu de Servílio, passou por Everaldo e encheu o pé. A bola ainda bateu na trave esquerda antes de entrar no canto direito. 1 a 1.

 

O Palmeiras perderia mais chances até perder Servílio por lesão muscular, aos 43. Travaglini escalou Zequinha no lugar dele, liberando Ademir da Guia para chegar mais à frente.

 

Na segunda etapa, também por isso, o time perdeu dinâmica. Mas não o foco. Travaglini foi feliz ao mudar as funções de César e Ademir. Abriu o Divino mais à direita, e puxou O Maluco para trabalhar com Tupãzinho por dentro. O Palmeiras cresceu e teve um pênalti a favor. Paulo Sousa derrubou César. Desta vez sem contestação. Mas Ferrari desperdiçou a cobrança, batendo para fora, aos 31 minutos.

 

O time não se abateu. Seguiu em cima, querendo evitar mais 30 minutos de prorrogação, e o desgaste do fim de temporada (tinha jogo no domingo à noite contra o Juventus, pelo SP-67). Aos 38, Ademir bateu escanteio da direita e César cabeceou firme no canto direito de Arlindo. O gol da virada justa. E da classificação merecida para as finais contra o Náutico, que na mesma noite eliminava o grande Cruzeiro campeão da Taça Brasil de 1966.

 

A dificuldade do jogo fez com que a sempre prudente torcida do Palmeiras só cantasse a já tradicional canção da vitória (“tá chegando a hora”), a versão brasileira de CIELITO LINDO, depois dos 40 do segundo tempo. Puxada pela charanga do Mingo, a torcida soube esperar a hora. Como aquele time sabia fazer a hora. Ainda que a própria torcida cornetasse Travaglini. Achando que o treinador, assim como Aymoré, prendia demais a equipe.

 

 

César e Tupãzinho foram os melhores do time, seguidos por Dudu e Ademir. Nos vestiários, diferente das duas partidas anteriores, e em muitas das posteriores com Armandinho, nenhuma reclamação da arbitragem. Froner chegou a pedir desculpas para o repórter com quem brigara dois dias antes. No relato de O ESTADO DE S.PAULO, o treinador gaúcho, capitão do Exército, mentor no futuro de Luiz Felipe Scolari, até convidou o radialista a um dia comer um churrasco “em casa”.

 

Paz armada. Palmeiras x Náutico fariam a final da Taça Brasil de 1967. Possivelmente com público maior no Pacaembu. O jogo válido pelo acesso para a Primeira Divisão paulista, na véspera, rendera mais dinheiro no estádio que a terceira partida semifinal da Taça Brasil.

PALMEIRAS 2 X 1 GRÊMIO, terceiro jogo da semifinal da Taça Brasil-67

Data: sexta-feira, 15/dezembro (noite)

Estádio: Pacaembu

Juiz: Armando Marques (RJ)

Renda: NCr$ 53 406

Público: 15 356

PALMEIRAS: Pérez; Geraldo Scalera, Baldocchi, Minuca e Ferrari; Dudu e Ademir da Guia; César, Servílio, Tupãzinho e Lula. Técnico: Mário Travaglini

GRÊMIO: Arlindo; Altemir, Paulo Sousa, Áureo e Everaldo; Cleo e Sérgio Lopes; Babá, Joãozinho, Alcindo e Volmir. Técnico: Carlos Froner.

Gols: Alcindo, 30 do 1, César, 31 do primeiro tempo; César 37 do 2º.