Erro não pode ser corrigido por erro ainda maior

(OPA. Revendo o lance polêmico, retiro o crasso da manchete. Tem como marcar pênalti em Dudu. É um lance discutível).

Eu não marcaria pênalti de Ralf em Borja, no primeiro tempo, e não marcaria pênalti em bola no braço de Henrique, na segunda etapa, no Derby que deu o 29o. título paulista ao Corinthians.

E também não teria marcado a olho meio nu (com mais de 6 graus de miopia corrigida pelos óculos), a mais de 150 metros do lance, o escanteio cedido por Ralf na dividida com Dudu, que Marcelo Aparecido marcou como pênalti e, depois, ao conversar com o quarto árbitro Adriano Miranda que só ouviu depois de 1min55 o quinto árbitro Alberto Masseira, desmarcou e apontou escanteio para o Palmeiras

O erro (para mim) foi corrigido com um erro ainda maior e pior (para mim e para a regra do jogo e o espírito dela): com a mais do que provável interferência externa da arbitragem.

As imagens e análise de Rodrigo Fragoso http://nossopalestra.com.br/em-camera-aberta-e-na-integra-a-marcacao-e-anulacao-da-penalidade-do-palmeiras/ mostram toda a dinâmica – ou falta dela. Algo que o árbitro de vídeo (VAR) poderia ajudar o árbitro de vidro (VAI…) Marcelo Aparecido, o quarto árbitro Adriano Miranda e o quinto Alberto Masseira. Em vez dos 8 minutos perdidos na polêmica, bastaria alguns minutos, no máximo, para o árbitro rever o lance e, na minha interpretação, rever a marcação. Tudo dentro da nova regra do jogo. Regra ainda não aplicada no Brasil.

Mas não com a provável aplicação da velha regra 18 que mais uma vez foi vista. Não foi a primeira. Não deverá ser a última. Mas não é assim que corrige. Assim se erra ainda mais.

Uma coisa horrível é errar uma interpretação, como entendo que Marcelo Aparecido errou ao marcar o pênalti contra o Corinthians. Seria terrível o campeonato ser decidido assim. Isso se o Palmeiras convertesse o pênalti em Cássio (que depois defenderia dois dos cinco batidos). Mas é do jogo o erro de interpretação. Faz parte. O que não pode fazer parte é o que provavelmente aconteceu – interferência externa e tecnológica proibida.

As imagens do Blog do Fragoso mostram algo que o comunicado oficial da FPF não relata.

http://www.futebolpaulista.com.br/Noticias/Detalhe.aspx?Noticia=7157

Nele,  a entidade defende o dela e ataca os fatos. Em momento algum cita o quinto árbitro, que aparece depois do pênalti marcado, chega próximo ao banco corintiano, depois se afasta; apenas 1min55s depois da marcação, o mesmo quinto árbitro aparece correndo para falar com o quarto árbitro e este, enfim, é mais acintoso e insistente ao falar com o árbitro.

O quarto árbitro, até por orientação de Marcelo Aparecido, passou o jogo todo o auxiliando em lances próximos a ele e na contenção a eventuais problemas com os bancos de reservas. No lance, tinha condição de ver o que o árbitro viu errado ou interpretou mal. Pode até ter falado pela intercomunicação a sua interpretação para o árbitro. Mas já começou errado ao não intervir o mais rápido possível. Se sentiu que Marcelo Aparecido manteria a decisão para mim equivocada (como a FPF disse, ele não ouviu a opinião do quarto árbitro pelo intercomunicador), o auxiliar deveria ter se aproximado como só faria depois da chegada próxima a ele do quinto árbitro. O mesmo que a imagem não capta. O quinto que foi próximo à mesa dos delegados da FPF. Onde pode ter ouvido a informação de que Ralf chegou primeiro na bola.

Só então ele volta correndo à muvuca. Só então o quinto árbitro chega próximo ao quarto e este, enfim, consegue se aproximar do árbitro. Algo que deveria ter feito o quanto antes, se tivesse achado que o árbitro manteria a decisão inicial. Não poderia levar 1min55s o quarto árbitro para se aproximar do árbitro.

É muito provável que o quinto árbitro passou ao quarto árbitro a informação. Se o quinto árbitro achou que também não foi pênalti, ele deveria ter chegado próximo ao quarto árbitro e ao árbitro o mais rápido possível. Até para ajudar a disciplinar a confusão entre atletas e bancos de reservas. Não era para ele sair do quadro filmado pelo Fragoso. Não tinha nada a fazer próximo da mesa dos representantes da FPF.

A não ser que quisesse saber de alguém o que havia acontecido no lance. Algo que ele e ninguém pode por ser interferência externa indevida. Ainda que seja para corrigir um erro. Por pior que seja esse erro do árbitro, ainda pior é corrigi-lo desse modo.

Ainda pior é a FPF publicar que foi apenas o quarto árbitro quem ajudou. Se foi apenas ele, errou ainda mais pelo procedimento adotado, pela demora em conversar com o árbitro, pelo procedimento e atuação do quinto elemento, e pela suspeita que os três levantaram pela demora em tudo.

Ainda pior é a súmula do árbitro (FOTO), que confirma não ter entendido o que disse o quarto árbitro. Disse Marcelo Aparecido que Adriano teria dito “canto”. Mas ele não entendeu por conta da muvuca. Até por isso ele também deveria ter se aproximado do quarto árbitro. Ou ao menos relatar o que em momento algum ele fala do quinto árbitro.

Ainda pior é a comissão de arbitragem estar em campo. E o delegado Agnaldo Vieira conversar alguma coisa com o árbitro no meio da muvuca. Eles não poderiam estar ali. E o delegado não deveria conversar coisa alguma com o árbitro.

Infelizmente, apitaram certo por apito torto.