Especial BR-72 – primeiro empate: Sergipe 1 x 1 Palmeiras

“Onde a Arena vai mal, uma equipe no Nacional”. Seria o lema do partido governista durante a ditadura militar nos anos 1970.

O Robertão ampliado que deu no Brasileirão a partir de 1971 era mais justo na geopolítica esportiva. Mas ao inchar o torneio, o nível futebolístico caiu. Ainda assim as excursões pelo Brasil desgataram elencos e faziam jogos difíceis e muitas vezes parelhos. Apesar das diferenças financeiras e técnicas entre os clubes.

O Sergipe que estreava no novo módulo do Brasileiro a partir de 1971 foi bravo contra o campeão paulista invicto de 1972. Conseguiu um dos poucos empates heróicos contra o futuro campeão brasileiro, em Aracaju.

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Dudu seguia fora pelas costelas quebradas. César Maluco enfim acertara novo contrato com o clube. Mas havia sido suspenso pelo STJD. Ficaria 7 meses fora. O BR-72 inteiro e mais uma boa parte do SP-73.

Brandão manteve o mesmo ataque dos 3 a 0 na quinta à noite, contra o Vitória. Ronaldo pela ponta, Fedato por dentro. “César é o nosso artilheiro. Um sujeito que traz gente para o estádio. Mas vamos manter o nível de atuação sem ele. César é um grande centroavante. Atua mais fixo na área. Com Fedato ganhamos um jogador de maior movimentação”.

O treinador também mantinha Ronaldo na direita. “Ele defende melhor do que Edu”. Brandão queria uma reposta melhor de seus pontas. “Edu e Nei estão apáticos. Não sei o que está acontecendo…”.

O restante da equipe era o mesmo. Exceto Raul Marcel que substituiu Leão na meta. O titular da Seleção sentira um problema muscular na coxa direita no aquecimento, ainda no vestiário.

O tricampeão sergipano atuou todo encolhido em seu campo. Mas em uma pontada aos 34 abriu o placar, com Edmilson, aproveitando a ausência de Leivinha, que estava fora sendo atendido pelo médico palmeirense.

Aos 43, Leiva já estava de volta para aproveitar cruzamento de Nei para empatar com sua melhor arma: a cabeçada precisa.

Ademir da Guia seguia fazendo a de Dudu na cabeça da área. Mas ele e Madurga não marcavam como o Bom Velhinho ausente. Com isso, o Palmeiras perdia a elegância, genialidade e cadência do Divino para sair mais para o jogo, armando a equipe. Leivinha também tinha que dar um pé mais atrás, na equipe que alternava entre o 4-2-4 e o 4-3-3.

Zé Carlos substituiu o argentino Madurga na segunda etapa para liberar o Divino para criar. Edu também entrou aos 20 na ponta-direita para dar mais velocidade à equipe. O Verdão melhorou. Mas parou nas mãos do ágil goleiro Lumumba, o melhor em campo.

O empate decepcionou treinador, elenco, torcida e imprensa. O presidente Paschoal Giuliano reclamou do calor, comida e arbitragem.

Será que o Palmeiras não era tudo aquilo que parecia ser desde janeiro?

SERGIPE 1 x 1 PALMEIRAS Campeonato Brasileiro/Primeira Fase
Domingo, 17/setembro (tarde)
Estádio: Lourival Batista
Cidade: Aracaju (GO)
Juiz: José Marçal Filho (RJ)
Renda: Cr$ 77 667
Público: 16 697
PALMEIRAS: Raul Marcel; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Ademir da Guia e Madurga (Zé Carlos); Ronaldo (Edu), Leivinha, Fedato e Nei
Técnico: Oswaldo Brandão
Gols: Edmilson 34 e Leivinha 43 do 1º