Especial Primeira Academia 1965 – Festa no Rio: Flamengo 1 x 4 Palmeiras

https://youtu.be/2ZaGT_pLpCc

O 7 x 1 contra o Santos (sem Pelé e outros 10) não tinha deixado dúvidas para a maioria. O Palmeiras era o grande líder do turno depois de seis rodadas no Rio-São Paulo. Mas sempre tem os céticos. Os chatos. Os cricríticos. E a turma que torce mesmo contra.

A segunda visita alviverde ao Maracanã acabou com as dúvidas. Na primeira tinha sido 4 x 1 sobre o Vasco, com gol na saída de bola de Gildo. Na segunda partida a história e o placar se repetiram. 4 x 1 no Flamengo.

Nelson Rodrigues, genial cronista, mais sentia do que via o jogo. E nem sempre tinha muitas simpatias pelo futebol paulista. Demorou mesmo a dar o braço a torcer pelo time que o coração nunca torceu. Armando Nogueira elogiava muito aquele Palmeiras. Nelson demorou um pouco. Mas começa a mudar de ideia depois de novo 4 x 1. Em sua coluna em O GLOBO, ele deixou claro:

"A equipe verde joga com um solene e avassalador desprezo pelas formações numéricas. Porque ataca com todo mundo e se defende com todo mundo. Só se distingue o Ademir do goleiro pela camisa".

Era uma das ótimas características do time de Filpo. Muito compacto e competitivo. Ótima movimentação. Abuso e apuro técnica e inteligência para se movimentar e trocar a bola. E, como todo time vencedor, muita sorte, também.

O Flamengo foi muito melhor nos 15 minutos iniciais. Sufocou o Palmeiras. Mas não fez. A grosso modo, ou melhor, sem nenhum grosso em campo, o Verdão teve quatro chances no Rio e fez os quatro gols.

A primeira foi no auge da pressão rubro-negra. Servílio lançou Tupãzinho que superou Zózimo, passou por Marcial e bateu pro gol vazio. O jogo ficou menos desequilibrado até o Flamengo empatar no pênalti cometido por Djalma Dias. Paulo Choco bateu com cavadinha, aos 38.

Não deu para o time da casa sentir o gostinho do gol porque dois minutos depois Servílio desempatou, de peixinho, livre na segunda trave, aproveitando cruzamento de Djalma Santos em cobrança de falta.

Com a vantagem, Filpo seguiu variando taticamente a equipe. Basicamente era um 4-2-4 que se tornava 4-3-3 com o recuo de Servílio, dando um pé a Dudu e Ademir. Mas muitas vezes virava mesmo um 4-4-2, com Rinaldo fechando pela esquerda, deixando Gildo e Tupãzinho para puxar os contragolpes

Como ele repetiu o lance do primeiro gol, marcando o terceiro aos 4 da segunda etapa. Tupãzinho foi lançado, passou por Zózimo (que substituiu Ditão que passara mal no vestiário) e fez, enchendo o pé de canhota na cara de Marcial.

O Flamengo não esmoreceu e seguiu martelando. Mas parou em Valdir e na má pontaria. Foi castigado aos 35, quando Servílio aproveitou rebote de Marcial em cobrança de falta explosiva de Rinaldo e fez 4 a 1.

O treinador carioca Flávio Costa e todo o time rubro-negro disseram que faltou "sorte". Que o placar era mentiroso. Mas era o mesmo do clássico contra o Vasco. "Nós merecíamos ter ganhado o jogo", disse o treinador do Brasil na Copa de 1950.

Djalma Santos foi muito aplaudido pela torcida no Maracanã. "Já vi que vocês cariocas gostam deste preto velho". Carabina foi bem, limpando a área ainda que sujando o nome com entradas duras. Geraldo Scotto não vinha em seu nível habitual. No mais, toda a equipe foi muito eficiente. Tupã e Servílio letais, Dudu e Ademir imperiais na intermediária.

O Palmeiras seguia líder do turno no Rio-São Paulo. Tinha disparado o melhor ataque com 23 gols em apenas 7 jogos e a melhor defesa com apenas 8 sofridos.

Pela vitória, cada jogador ganhou 150 mil cruzeiros. Ótimo para Gildo e Servílio, que seguiam jogando sem contrato…

Ótima notícia também era que o ponta-esquerda Germano foi contratado do Milan. Ótimo reforço que tinha jogado no próprio Flamengo, onde mais tarde atuaria seu irmão Fio Maravilha.

Germano estava bem no Milan. Foi forçado a voltar ao Brasil.

Mas essa é uma história para outro post. Um caso de amor com final feliz. Uma história real. E da realeza.

FLAMENGO 1 x 4 PALMEIRAS
Competição: Torneio Rio-São Paulo/Turno de Classificação
Sábado, 3/abril (noite)
Maracanã
Juiz: Ethel Rodrigues
Renda: Cr$ 28 911 080
Público: não disponível
PALMEIRAS: Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina e Geraldo Scotto; Dudu e Ademir da Guia; Gildo, Servílio, Tupãzinho (Ademar Pantera) e Rinaldo
Técnico: Filpo Nuñez
Gols: Tupãzinho 17, Paulo Alves (pênalti) 39 e Servílio 41 do 1º; Tupãzinho 4 e Servílio 34 do 2º