Especial Primeira Academia 1965 – Recreio dos Bandeirantes: Fluminense 1 x 3 Palmeiras

O Recreio dos Bandeirantes periquito tinha a fama mantida. Cinco clássicos no Maracanã, cinco vitórias da Academia. Dezenove gols marcados em cinco partidas. Oito sofridos. Dois 4 a 1. Um show.

O 3 a 1 sobre o Fluminense (que vinha de um 3 a 0 no Corinthians e 7 a 2 no Botafogo) devolvia o Palmeiras à liderança do turno final. Também pela derrota na véspera do São Paulo, goleado por 5 a 0 pelo Botafogo, no Rio.

O Palmeiras tinha viajado de ônibus na noite de sexta-feira, com a delegação reduzida como era à época: o diretor Arnaldo Tirone (pai do futuro presidente), o médico João Zerillo, o massagista Reis, e o roupeiro Romeu.

Filpo não podia contar com o artilheiro do torneio Ademar Pantera, com 14 gols. Ele havia trincado a tíbia da perna direita no amistoso em que o Palmeiras perdera para o Botafogo de Ribeirão Preto por 5 a 2, na terça-feira.

Servílio então voltava ao time, depois de ter ficado fora por não ter renovado contrato. Além da equipe titular, Picasso, Santo, Júlio Amaral, Ferrari, Germano e Dario compunham a excelente delegação que ficou hospedada no Luxor, em Copacabana, e treinou no sábado na Gávea, orientados pro novo preparador físico Júlio Mazzei. Os alojamentos no Maracanã foram vetados por Filpo.

Em campo, o Fluminense foi melhor na primeira etapa contra um Palmeiras mais acuado e pragmático. Evaldo mandou uma bola na trave que Valdir depois mandou a escanteio. Antunes mandou outra que no rebote Djalma Santos salvou sobre a linha.

Mas, aos 25, a pressão tricolor deu certo. Luís Henrique lançou Antunes às costas de Djalma Dias e tocou cruzado na saída de Valdir.

O Palmeiras empatou aos 32. Ademir da Guia achou com categoria Servílio que, ainda com mais técnica e frieza, tocou por cobertura na saída de Edison. Golaço.

O Palmeiras equilibrou o clássico na segunda etapa. Também porque Dudu protegeu ainda mais a cabeça da área. E Ademir ainda deu um pé atrás e flutuou à frente como o grande craque do time e do Rio-São Paulo. Filpo também foi feliz na mexida. Aos 13, sacou Tupãzinho em rara jornada pálida e colocou a vibração e potência de Dario na frente.

Mais seis minutos e ele escapou sozinho (e impedido) até ser derrubado por Edson Borracha. Pênalti convertido por Rinaldo, o segundo melhor em campo, saindo da esquerda para armar e atacar por todos os lados.

Aos 23, Dario foi lançado, caiu, levantou-se e achou Servílio na área para passar pelo goleiro e para bater de esquerda e fazer 3 a 1.

O Fluminense murchou. Quando tentou algo, Valdir mais uma vez foi muito bem. Como Djalma Santos. Dudu e Ademir fizeram dupla brilhante. Servílio fez os gols e pouco mais.

Nelson Rodrigues, emérito tricolor e não muito fã do Palmeiras, escreveu em O GLOBO que não houve méritos do Verdão, apenas falhas do Fluminense na derrota "para o melhor time do Brasil".

Até ele reconhecia.

FLUMINENSE 1 x 3 PALMEIRAS
Torneio Rio-São Paulo/Turno Final
Domingo, 16/maio (tarde)
Maracanã
Juiz: Ethel Rodrigues
Renda: Cr$ 33 782 720
Público: 36 599
FLUMINENSE: Edson Borracha; Laurício, Procópio, Valdez e Altair; Íris e Luiz Henrique; Amoroso, Evaldo, Antunes e Gílson Nunes.
Técnico: Tim
PALMEIRAS: Valdir; Djalma Santos (Ferrari), Djalma Dias, Valdemar Carabina e Geraldo Scotto; Dudu e Ademir da Guia; Gildo, Servílio, Tupãzinho (Dario) e Rinaldo.
Técnico: Filpo Núñes
Gols: Antunes 25 e Servílio 32 do 1º; Rinaldo (pênalti) 19 e Servílio 23 do 2º