Especial Primeira Academia – primeira derrota: Palmeiras 1 x 2 Flamengo

A manchete de O GLOBO dava o tamanho da façanha rubro-negro no primeiro jogo do returno do Rio-São Paulo: "Flamengo encarou de igual para igual o melhor time brasileiro"

Depois de campanha brilhante da equipe de Filpo Núñes, com dois 4 a 1 sobre Flamengo e Vasco no Maracanã, o Palmeiras tropeçou no Pacaembu. Se o Verdão faturasse também o segundo turno, cancelaria as finais. Um returno mais curto, pela eliminação das duas equipes de pior campanhanha na fase inicial: Santos (que jogou a maioria dos jogos com reservas porque disputava ao mesmo tempo a Libertadores) e América, que tinha 9 jogadores emprestados pelo Bangu (que seria campeão estadual em 1966).

Em caso de decisão entre os campeões dos turnos, contava mais a campanha no segundo turno, depois de 30 minutos de prorrogação. Quem tivesse melhor saldo era o campeão. Goal-average era o segundo critério (divisão dos gols feitos pelos marcados); melhor goal-average em todo o campeonato. E se tudo permanecesse igual, a inédita decisão por pênaltis: então eram três e não cinco.

Tudo isso seria desnecessário. A equipe que seria ainda naquele torneio chamada de Academia ganhou o returno e acabou com a brincadeira. Jogando bonito e necessário. Não naquela derrota em casa.

O Flamengo foi mais eficiente e perigoso desde o começo. Teve um gol anulado de Aírton logo de cara. Respondido pelo gol palmeirense, aos 27. Belo lance do futuro rubro-negro Ademar Pantera. O centroavante driblou o lateral Murilo e mandou uma bomba contra o goleiro Franz.

Ferrari entrou na lateral-esquerda no lugar de Geraldo Scotto que não vinha em grande fase. o Flamengo empatou com o Violino Carlinhos, a 1 minuto, num tiro de longe. Belo gol.

O jogo era igual. Filpo tentou dar mais velocidade ao time com Antoninho na ponta no lugar do ex-rubro-negro Germano (irmão do atacante do Flamengo Fio). Paulo Henrique, titular do Brasil em 1966, não dava espaços. Ainda assim o Palmeiras estava melhor na segunda etapa. Rinaldo obrigou Franz a fazer ótima defesa.

Amauri (um "truculento São Jorge rubro-negro", na definição de Nelson Rodrigues) perdeu gol na cara de Valdir. Mas não perdoou bobeada palmeirese e virou o placar, aos 44. Perdeu outra grande chance aos 44. E fez justiça ao jogo.

Tupãzinho teve partida rarríssima: ruim. Ademir e Rinaldo foram dos poucos que se salvaram em uma atuação em que o time afunilou demais seu jogo no gramado horroroso do Pacaembu.

Para Nelson Rodrigus, em O GLOBO, o "Flamengo fez um mural de Rivera em campo" contra o Palmeiras que ele considerava então "o melhor time do Brasil e, por consequência, o melhor time do mundo".

PALMEIRAS 1 X 2 FLAMENGO
Torneio Rio-São Paulo/Turno Final
Domingo, 25/abril (tarde)
Pacaembu
Juiz: Armando Marques
Renda: Cr$ 27 408 200
Público: 33 392
PALMEIRAS: Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias, Santo e Geraldo Scotto (Ferrari); Dudu e Ademir da Guia; Germano (Antoninho), Tupãzinho (Dario), Ademar Pantera e Rinaldo
Técnico: Filpo Nuñes
FLAMENGO: Franz; Murilo, Ditão, Luis Carlos Freitas e Paulo Henrique; Carlinhos e Fefeu; Fio Maravilha, Aírton, Amauri e Paulo Alves.
Técnico: Flavio Costa
Gols: Ademar Pantera 25 do 1º; Carlinhos 2 e Amauri 42 do 2º