Espírito de Porco – Leivinha

Dadá Maravilha sempre disse que apenas três coisas são capazes de parar no ar: ele próprio, um beija-flor e um helicóptero. Talvez, Dadá esteja certo, pois Leivinha sempre esteve mais para foguete. Assim como a máquina que cruza atmosferas, o camisa 8 ia do chão ao céu em poucos segundos. Dono de impulsão invejável, fazia dos adversários mero coadjuvantes quando ia de encontro a bola.

Engana-se, porém, quem limita a trajetória de Leivinha no futebol a capacidade de cabecear com precisão. O camisa 8 era um atleta completo. Gols, assistências, toques de primeira, infiltrações em velocidade e arremates potentes de fora da área. Não à toa, conquistou espaço de protagonismo na lendária Segunda Academia, atuando ao lado de Leão, Eurico, Luis Pereira, Alfredo, Zeca, Dudu, Ademir da Guia, Edu Bala, Nei e César Maluco.

“Eu era o coordenador do meio de campo ao ataque”, explica.

Nascido em Novo Horizonte, no interior de São Paulo, em 11 de setembro de 1949, João Leiva Campos Filho foi contratado pelo Palmeiras junto a Portuguesa em 1971. O meio-campista permaneceu no clube alviverde até 1975, quando se transferiu para o Atlético de Madrid (Espanha). Neste período, conquistou o bicampeonato brasileiro (1972 e 1973) e bicampeonato paulista (1972 e 1974). Ao todo, disputou 266 partidas e marcou 106 gols, garantindo um lugar entre os imortais palestrinos.

“Ter tido essa oportunidade de colaborar com grandes histórias do Palmeiras é o suficiente. Foi o melhor time em que joguei. Sou palmeirense e torço para que as coisas possam caminhar bem para o lado verde”, exalta.

Atrapalhado por repetidos problemas físicos, Leivinha se aposentou precocemente, aos 29 anos, em 1979. Após deixar os gramados, o ex-atleta apostou na abertura da casa noturna “Balancê”, um bar de samba localizado na zona oeste paulistana. Ao lado de Osvaldão do Cavaco, trouxe artistas renomados para se apresentar no estabelecimento durante os anos 80, como Fundo de Quintal e Zeca Pagodinho. Entretanto, a experiência teve fim após 13 anos.

“Como o samba do Rio de Janeiro não era muito tocado em São Paulo, tivemos essa ideia de abrir o bar aqui. Fizemos sucesso durante um bom tempo”, relembra.

Hoje, aos 68 anos, o eterno camisa 8 se dedica a sessões de fisioterapia para amenizar as sequelas deixadas pelas 20 cirurgias ortopédicas que já realizou, incluindo próteses nos quadris e nos joelhos. As dores, contudo, não são capazes de evitar que Leivinha coloque em prática seu grande hobby: viajar, principalmente para Barra do Una, no litoral norte paulista. Eliana, com quem é casado há três décadas, é sua grande companheira mundo afora. Com Eliana, inclusive, teve sua filha caçula, Bruna, após ter três filhos (Juliano, Daniela e Rafael) em dois matrimônios anteriores.

Mantendo as tradições portuguesas, Leivinha tem bacalhau como seu prato preferido. Nos momentos de lazer, gosta de beber cerveja, caipirinha ou, no inverno, vinho. Então, um brinde a João Leiva Campos Filho. O maior cabeceador da história do Palmeiras.