Evair e dona Zica
Pênalti pro Palmeiras. Gol de Evair. Era redundância. Assim como Palmeiras campeão era até 18 de agosto de 1976. Mas não vinha sendo até aquele 12 de junho de 1993.
E olha que ele já tinha feito o segundo gol. Já estava 3 x 0 Palmeiras com 10 em campo contra apenas 8 corintianos. O empate naquela prorrogação bastaria para o Palmeiras encerrar a fila contra o maior rival. Era fazer o gol, o quarto, e sair para o abraço eterno.
Mas, naquele pênalti, o filho de dona Zica carregava sobre os ombros que tinham ficado 52 dias fora por lesão os 16 anos de fila. Em Crisólia, onde o filho Evair um ano antes jogava na várzea quando havia sido afastado pelo mesmo Nelsinho que dirigia o Corinthians em 1993, dona Tereza via o jogo pela TV quando Edmundo sofreu o pênalti de Ricardo. E ninguém sofreu mais do que ela naqueles instantes. Nem os palmeirense que sofriam desde 1976. – Por que o meu filho tem de bater esse pênalti? Por que justo ele?! Porque Ele é justo. Dona Zica não aguentou e saiu da sala, de casa, e foi pra rua pra não ver tudo o que a gente revê como se fosse agora. Tudo que Evair assim definiu: – Quando parti pra bola, eu via tudo e não ouvia nada. Parecia que eu sai pra bater o pênalti em 1976 e só cheguei na bola em 1993. Quando ela saiu do meu pé, aí eu não vi mais nada e ouvi tudo.
Dona Zica também não viu. Mas ouviu a casa e Crisólia explodirem no gol do filho Evair. Do nosso Matador que nos deu a vida para celebrar 1993.
No dia seguinte à derrota pro Boca, Evair perdeu a mãe. Toda a força para quem nos deu a luz.