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Ex-árbitros analisam VAR de Palmeiras x River Plate: 'Uma aula'

Com ajuda da tecnologia, o juiz Esteban Ostojich anulou dois pênaltis e um gol dos argentinos na partida de volta da semifinal da Libertadores

Esteban Ostojich apitou o confronto entre Palmeiras e Athletico-PR (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)
Esteban Ostojich apitou o confronto entre Palmeiras e Athletico-PR (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

Apesar de todas as dificuldades, o Palmeiras conseguiu se classificar para a final da Copa Libertadores da América pela primeira vez em mais de 20 anos. A partida decisiva da semifinal, que terminou em 2 a 0 para o River Plate, no entanto, ficou marcada por erros palestrinos e atuações decisivas do VAR. Para entender se as marcações no decorrer do jogo foram corretas, o NOSSO PALESTRA conversou com ex-árbitros que elogiaram a utilização da tecnologia.

O primeiro nome contactado pela reportagem foi Alfredo Loebeling, que fez parte do quadro da Fifa entre 2001 e 2002 e elogiou a participação do VAR na partida.

– O VAR veio pra isso. O torcedor tem que entender que o VAR um dia vai salvar a arbitragem prejudicando o seu time de coração, e noutro dia vai salvar ajudando o seu time, como foi ontem. O que nós tivemos ontem foi a correção de equívocos da arbitragem em lances muito difíceis. No segundo pênalti, o cara tava nitidamente impedido. O que não pode acontecer é as pessoas falarem que o VAR ficou procurando uma imagem para salvar o Palmeiras, isso é papo de boteco. Ele tem uma série de imagens, que vão dizer se o árbitro acertou, ou se precisa de correção. Não é o VAR que anula o gol, o pênalti. Ele informa o árbitro e sugere uma revisão. A decisão final é do árbitro de campo. No lance do gol, tinha um jogador impedido. A bola tocou no jogador do Palmeiras, mas pra tirar o impedimento o toque tem que ser de forma deliberada, o que não foi o caso. Foi bem anulado. A expulsão foi, na minha visão, exagerada, porque o árbitro não vinha com esse critério o jogo inteiro. Eu não teria expulsado, acho que o árbitro mudou o critério dele. No primeiro pênalti anulado, o toque existe, mas foi provocado pelo jogador do River. A discussão é que o jogador do River provoca o toque, aí o árbitro não pode marcar. O árbitro acertou nas decisões graças ao VAR. Eram situações que não tem como você olhar sem as câmeras, é muito difícil.

(Foto: Cesar Greco)

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Outro que falou com o NP foi Rafael Porcari, que é ex-árbitro, consultor de arbitragem, comentarista na Rádio Difusora, tem o blog ‘Pergunte ao Árbitro’ e, também, exaltou a atuação do árbitro de vídeo, descrevendo-o como algo necessário para o futebol.

– Ontem foi a prova de que o VAR é uma ferramenta necessária para o futebol, que legitima placares e precisa de pessoas competentes usando. Nos três lances, o árbitro de vídeo foi muito bem nas intervenções. A única falha foi a demora, mas as intervenções foram corretas. O lance do gol anulado foi sensacional, é um lance didático. Foi a mesma coisa que aconteceu no gol do Scarpa na partida de ida, que gerou uma polêmica sobre o desvio tirar ou não o impedimento. No lance teve o desvio, mas não é o tipo que tira o impedimento. O último pênalti estava impedido, não tem dúvida, mas, mesmo assim, foi um choque de jogo. A expulsão foi correta, é lance pra cartão amarelo. Tendo amarelo, tem que dar o segundo. O que eu acho mais interessante é a questão do desvio tirar ou não o impedimento. Alguns tipos de desvios, de fato, tiram o impedimento, mas só os que têm um toque deliberado. Se você tem um jogador impedido, o atacante vai lançar a bola pra ele e você quer interceptar a bola, você manifesta a vontade de disputar e não deixar o cara receber a bola, você tirou o impedimento, porque você se jogou pro lance. Agora, você estar posicionado e o seu corpo serve como tabela, não tira o impedimento. Você tem que ter a intenção clara e manifesta de interceptar a bola. Bater por bater não tira o impedimento.

Além destes, o ex-árbitro e ex-comentarista Renato Marsiglia afirmou ter se rendido à tecnologia, deixando evidente que esta fez justiça no confronto da última terça-feira (12).

– Eu diria que o VAR ontem influenciou no resultado da partida de maneira justa. São lances que, num primeiro momento, eu não vi irregularidade. O VAR trouxe justiça e salvou a arbitragem, mesmo sendo lances que seriam muito discutidos depois do jogo. Não tenho dúvidas de que o torcedor do River Plate está indignado, assim como se fosse o contrário o do Palmeiras ficaria. Eu acabei me rendendo à tecnologia. Com a quantidade de recursos eletrônicos que existem, nada mais natural que estes sejam colocados à disposição da arbitragem pra diminuir os erros gritantes. O árbitro de vídeo acertou. No último lance, tenho certeza que o árbitro de vídeo chamou o de campo para analisar uma possível penalidade máxima e, no tempo que ele foi lá, eles pegaram o impedimento, que matou a possibilidade do pênalti. E o impedimento existiu, assim como no primeiro lance, que teve como consequência o que seria o terceiro gol do River Plate. As decisões foram corretas. Não vou dizer que o Palmeiras foi favorecido. A regra foi aplicada corretamente. O árbitro iria errar se não fosse o VAR. Sobre o primeiro pênalti, na hora eu achei que tinha sido. Vendo por outros ângulos, porém, fica claro que o jogador do River Plate abre a perna, dobra o joelho e provoca o tropeço pra cair. Foi mais um lance capital em que o árbitro de vídeo interferiu de forma positiva para trazer justiça ao resultado da partida.

Por fim, o NP conversou, também, com outro ex-árbitro FIFA, que pediu para não ser identificado e descreveu a partida do Verdão como uma “aula de VAR”, afirmando que ele “acertou em todas as decisões”.

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