EXCLUSIVO: Médico do Palmeiras fala sobre Goulart, Dudu e outros assuntos

Gustavo Magliocca (direita) falou sobre a situação de Goulart (Foto: Cesar Greco)

Tratamento de Ricardo Goulart, recuperação de Willian, desafio de Scarpa, reapresentação em forma de Dudu, entre outros vários assuntos que envolveram o Núcleo de Saúde e Performance do Palmeiras estão nesse bate-papo exclusivo com o Dr. Gustavo Magliocca. Ele ainda conta novidades sobre o Centro de Excelência da Academia de Futebol e também fala sobre as metas e os resultados obtidos por esse importante setor do clube nos últimos anos.

Rodrigo Fragoso: Como o Palmeiras tem lidado com as lesões musculares, que decorrem do apertado calendário do futebol brasileiro, nos últimos anos?
Dr. Gustavo Magliocca: Do ponto de vista estatístico, as lesões musculares são proporcionais ao número de jogos do Palmeiras. Se você pegar em números absolutos 2018 e 2017, o número de 2018 foi um pouco maior, porém os jogadores tiveram lesões de menor gravidade e menor tempo de recuperação. Esse é o nosso parâmetro. Quanto a lesão limita o atleta e tira ele do processo normal de treinamento. Nosso objetivo é de minimizar as lesões, porque elas vão acontecer. Uma temporada de 75 jogos é normal ter um número de lesões. A questão é tentar,  dentro dessa proporção relativa, o menor número possível.

RF: Como foi o desafio de lidar com o tratamento da lesão de calcanhar do meia Gustavo Scarpa em 2018?

DR. GM: Lesão rara. O que mais deixa a gente sem parâmetro é quando a literatura e o número de casos que você viveu são baixos. Quando a literatura científica e sua experiência não convergem. E a lesão do Scarpa foi assim. Mas conseguimos conduzir bem, adotamos algumas estratégias de tratamento que conseguimos fazer com que a gordura aderisse ao osso do calcâneo e agora o Gustavo chega bem para a pré-temporada.

RF: Quais inovações o NSP (Núcleo de Saúde e Performance) traz para 2019?
DR. GM: Sempre tem que ter. O conceito base do NSP é trazer inovação, agregando na rotina e no fluxo dos atletas no centro de treinamento. Renovamos alguns aparelhos, trouxemos outros novos, esteiras de resistência, de controle de potência. Evolução a mais no nosso método de controle de força e torque muscular, até mesmo os próprios aparelhos de musculação com carga pneumática. Trouxemos algumas inovações estruturais, agora é associar o corpo de pessoas junto com a estrutura de excelência. Esse é o grande segredo do NSP.

RF: Quem chegou melhor nessa pré-temporada de 2019?
DR. GM: Na minha opinião, o Willian! Chegou voando perto de como poderia estar, operou e chegou super bem! Brincadeira de lado, o futebol, hoje, tem uma concepção diferente. A demanda física é diferente e a competitividade do grupo traz necessidade do atleta se apresentar melhor. A gente observou um número maior de atletas, no peso, que fizeram a rotina de exercícios nas férias prescritas pelo NSP.

RF: Zé Roberto elogiou a condição física do Dudu em recente entrevista coletiva. Disse que ainda não havia visto o atacante se apresentar tão bem assim em uma pré-temporada no Palmeiras. Tecnicamente, como isso aconteceu?
DR. GM: O atleta ao longo do ano vai aprendendo a incorporar hábitos. Dudu melhorou seu padrão alimentar, melhorou a forma de conduzir um treinamento, aprendeu a gostar de determinados tipos de treino, como o de força, que é fundamental pra manutenção do peso quando você está fora da temporada. Então, o Dudu incorporou ao longo do ano vários hábitos e nas férias ele não perdeu isso. Ele vai acabar fazendo exercício, correndo, fazendo escolhas melhores na alimentação, o que faz com que ele se apresente melhor.

RF: Você brincou sobre Willian ter chegado muito bem! Como está a recuperação do jogador?
DR. GM: Ele está em um pós-operatório muito recente. Tá numa fase bem inicial no processo de reabilitação. Lembrando que uma reabilitação assim vai durar em torno de 28 a 32 semanas. Temos que nos basear em cada processo e definir metas para que ele alcance. E temos muita confiança de que ele vai alcançar essas metas, porque é muito disciplinado. Vamos seguir naquilo que a fisioterapia acredita, naquilo que o Jomar tem de base de reabilitação bem-sucedida de vários casos como o Moisés, que é uma referência, o Gabrielzinho, que está no Corinthians, o Thiago Martins, que está no Japão, vários atletas que ele já reabilitou em conjunto com o departamento médico

RF: Ricardo Goulart agora é oficialmente um dos seus jogadores aqui no clube. Ele está se tratando de uma lesão no joelho. Como tem sido o tratamento?
DR. GM: Nessas temporadas na China, o Goulart desenvolveu uma lesão grave de cartilagem no joelho. A gente sabe que lesões de cartilagem são mais sensíveis, requerem um tratamento diferente. O Goulart veio pra cá e foi feita uma artroscopia para entendermos melhor a extensão da lesão. Portanto foi feita uma proposta de tratamento para essa lesão de cartilagem. Sabemos que cartilagem não tem cura, é preciso administrar esse tipo de contusão e agora estamos começando todas as etapas de avaliação, controle, preparação de força para depois entrar em preparação específica e aí sim ser liberado para jogar.

RF: Goulart já está se tratando na Academia de Futebol desde o ano passado. Ele já estava se sentindo em casa até antes de assinar contrato?
DR. GM: Já estava. É muito legal que, desde o final de outubro e começo de novembro, o atleta já estava com a gente, então ele convive conosco do NSP, sabe toda a estrutura que o Palmeiras tem, sabe tudo que antes mesmo a gente planejou para ele poder ou voltar pra China ou ficar. Então, ficamos felizes pelo atleta que é, pelo comportamento que tem e com certeza já está muito entrosado com o NSP. Agora é se entrosar com o grupo.