Fala a fonte! Batalha de Montevidéu completa 3 anos: ‘Jogo mais emblemático da minha carreira’

Fotos: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

26 de abril de 2017. O Palmeiras viajou para Montevidéu para encarar o Peñarol pela quarta rodada da Libertadores. Líder do seu grupo, o Verdão estava invicto na competição continental no comando de Eduardo Baptista. Mas a partida no novo estádio do Peñarol prometia nervos à flor da pele, após a virada inesquecível alviverde no Allianz Parque duas semanas antes, com Dudu expulso e um episódio de racismo sofrido por Felipe Melo.

Em entrevista ao Esporte Interativo, o técnico Eduardo Baptista revelou algumas particularidades daquela partida. Tudo começou na apresentação de Felipe Melo no Verdão. Polêmico desde a sua chegada, o experiente volante disse que se tivesse que dar tapa na cara de uruguaio daria. E é claro que aquilo foi usado para trazer um clima de guerra ainda maior para a partida.

"Os uruguaios usaram isso. A gente já teve um clima pesado antes do início do jogo no Allianz Parque. No aquecimento, dentro do túnel na volta do aquecimento, já dava pra sentir que o clima estava pesado", disse Baptista.

Os uruguaios tinham um motivo ainda maior para tratarem a partida como uma decisão. Uma derrota para o Palmeiras eliminaria o Peñarol da Libertadores. O clima era tão bélico que o técnico do Verdão recebeu um pedido mais do que inusitado para a sua escalação na capital do Uruguai.

"A polícia de Montevidéu pediu para não levar o Felipe Melo pro jogo", disse Eduardo, que claro nem cogitou a hipótese: "nesse ponto, o Alexandre Mattos (diretor na época) e o Cícero (gerente de futebol do clube) conseguiam blindar muito a gente. O Alexandre, junto com o Cícero, tinha essa habilidade de cuidar do contexto. Foi muito tranquilo lidar com isso".

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O papo que circulava no Uruguai é que os jogadores do Peñarol foram ameaçados pela torcida na semana que antecedeu o jogo. Uma derrota para o Palmeiras e o pior poderia acontecer.

"A gente tinha alguns amigos no Uruguai e, embora não tenhamos certeza absoluta disso, nos passaram que os jogadores do Peñarol foram avisados de que, se não viessem pra cima da gente, eles que apanhariam da torcida depois. Esse era o clima para eles".

Porém o primeiro jogo foi mais do que perfeito para o time da casa. E Eduardo assume que errou na estratégia quando entrou com Vitor Hugo no jogo: "Colocamos o Vitor Hugo, naquela ideia de ganhar o jogo pelos lados, como fizemos os gols, e na bola parada, como também fizemos gols no Allianz Parque contra o próprio Peñarol. Você planeja esperando que dê certo. Quando vimos, virou 2 a 0, aí eu faço as modificações. Tiro o Vitor Hugo e coloco o Tchê Tchê pra fazer uma saída melhor e tiro o Egídio pra colocar o Bigode. Voltamos pro 4-1-4-1, só Felipe Melo de volante, e em 20 minutos viramos o jogo. Aliás, era pra ter feito 4 ou 5", contou o atual técnico do CSA.

O segundo tempo chegou da maneira mais épica para os palestrinos. Com gols de Yerry Mina e Willian (2), a equipe do Palmeiras venceu o jogo de virada e deu um passo importantíssimo para garantir a sua classificação. Infelizmente o que todos esperavam aconteceu após o apito final.

Os uruguaios não souberam perder, e se não fossem os seguranças do Palmeiras a tragédia poderia ser pior. Nas arquibancadas, os palmeirenses também sofriam encurralados no setor de visitantes. A Mancha Alviverde teve um papel fundamental para defender todos os palestrinos, uma vez que os hinchas uruguaios queriam invadir e agredirem os brasileiros.

"Foi um negócio armado. Foi perigoso. É preciso exaltar a logística do Palmeiras, que conseguiu levar um número grande de seguranças para a viagem e para dentro do estádio. Ele foram excepcionais", finalizou Eduardo.

A entrevista coletiva do técnico ao final do jogo também foi bem marcante. Irritado com algumas fofocas sobre o seu trabalho, Eduardo não segurou a emoção e descontou a sua raiva diante da imprensa. Não é possível afirmar, mas o descontrole tambpém contribuiu para que semanas depois ele fosse desligado do clube, após a derrota por 2 a 1 para o Jorge Wilstermann na Bolívia.

Relembre todos os bastidores de um dos jogos mais épicos desse século: