Falcade: ‘O Palmeiras é o impossível’

A vitória se fez por todos os lados. Sinestesia pura, lealdade plena

São 4h44 da manhã e eu ainda não sei pra onde irei ao longo das próximas linhas. Elas dificilmente serão capazes de contar o que os meus olhos viram horas mais cedo. O Palmeiras viveu a sua noite mais resiliente, mais entregue e mais cheia d’alma e amor às cores. Dizem que o impossível é o lugar até onde sua entrega pode ir. Ontem, o Palmeiras foi o impossível.

O limite parecia bater à porta logo de cara, quando foi preciso lutar sem Danilo. Ciente do questão matemática do jogo, os 10 que restaram acreditaram que o impossível era ignorar a falta e superar com entrega. Assim se fez. Quando eles não davam conta, cada um dos 40 mil presentes se colocava em campo por meio da voz – alucinante, incansável, guerreira. Palmeirense até o último tom. Lutem sem parar, lutem sem parar, lutem sem parar.

Lutamos.

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Quanto mais as coisas ficavam difíceis, mais apoio surgia. Emanava da terra uma força infinita, que crescia, crescia e zombava do impossível. Um a menos? Pouco. Dois a menos? Bola na trave? Pouco. Qualquer time do mundo em situação tão caótica teria sentido o cheiro da morte, mas esse Palmeiras é apaixonado pelo limite entre viver a glória e flertar com o precipício. Ele olha, finge que vai, mas se protege do perigo. Ele luta, sem parar.

Das arquibancadas, uma confiança contumaz que havia um bom roteiro para tanto sofrimento. O chute do fortalhão que saiu torto, o cruzamento que beijou a trave. Ao invés de abater o torcedor, fazia dele ainda mais empolgação, ainda mais volume, mais vozes. Olhos marejados, garganta maltratada, mas a absoluta entrega por saberem com clareza que era preciso dar as mãos com cada um desses caras que se recuaram a desistir.

Eles nasceram para fazerem história. O destino desses jogadores está traçado e fadado a vencer. Não tem como evitar que o destino se cumpra. Mudam peças, mudam datas, mas nenhum time brasileiro parou esses rapazes que, entre tantas qualidades, lutam sem parar. Não se dá por vencido um gigante, como disse um amigo que reporta lá da Argentina

Quase todos estiveram em campo, correndo insandecidamente, por 90 minutos. Nenhum sinal de cansaço, nenhuma feição se esgotamento, de nervosismo. Era só suporte, era Raphael berrando aos companheiros que ‘VAI DAR CERTO’, pedindo mais vozes das arquibancadas, berço da sua vida, sua casa – e atendido de pronto pelo torcedor, que não tirou o celular do bolso e preferiu se doar integralmente à causa.

(Foto: Conmebol)

Com fé no trabalho, com ‘o corpo fazendo o que a mente treinou’, como disse Weverton, com uma das comunhões mais profundas e verdadeiras que já existiu dentro de um estádio de futebol, o Palmeiras ignorou todo e qualquer limite do razoável. Enlouquecedor nas quatro linhas e fora delas, também. A vitória se fez por todos os lados. Sinestesia pura, lealdade plena.

O impossível é só uma palavra pra esse Palmeiras. Não é uma realidade. Orgulho talvez seja o melhor entre os termos. Nunca antes um time orgulhou tanto o seu povo. Nunca cantamos com tanto amor para um grupo de atletas que, com a maior certeza do mundo, jogará e lutará por cada um de nós, muito, mas muito além do tal impossível.

O Palmeiras de Abel Ferreira é a luta. É acreditar que nada será capaz de impedir que o desejo se faça realidade. Que as piores circunstâncias são só um estágio na estrada para a Glória, que nos é Eterna. Presenciamos a noite em que o milagre, o improvável e o impossível ficaram para trás. Já às 5h06 da manhã, com o coração preenchido com o maior orgulho do mundo, eu posso dizer que sou torcedor do Palmeiras, que é o impossível.

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