Família Palmeiras: o mundo é bão, mas o Palmeiras é melhor, seu Sebastião!
Sebastião é meu avô, pai do Joelmir, Viu o pai ser assassinado aos 12 anos. Ficou calado também por isso até partir num acidente em 1963. Sorria só com o Palestra que abraçou antes de ser Palmeiras, mesmo sendo Beting um alemão numa Tambaú de italianos. Poucos tão palestrinos como a mulher Albertina. Minha vó também alemã. Ainda mais palmeirista – como ela falava.
Sebastião Fossaluza partiu agora, aos 92. A neta Livia conta que, assim como meu Sebastião, o dela também era simples desde a roça, plantando algodão ao lado do pai a partir dos 9 anos, em Corumbataí.
Neto de italianos, seu Sebastião foi pra cidade grande quando casou com Cida. Metalúrgico da GM, ele se aposentou e apostou numa Lotérica. No Parque São Lucas onde morou nos últimos 50 anos. Na mesma casinha onde saía cedo pro café na Padaria Rainha. Pra trabalhar até os 90 na Lotérica. Quando o Parkinson impossibilitou quem andava muito pelo bairro e na esteira do quarto. Companheira nos últimos 30 anos sem Cida.
Desde 2017 ele ganhou companhia profissional porque não podia mais viver como fez sempre. Independente. Mas cheio de parentes e amigos em volta. E do Palmeiras em tudo que ele escalou até os últimos dias:
“Picasso, Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina, Vicente, Zequinha, Ademir da Guia, Julinho, Servílio, Vavá e Gildo”. O time campeão paulista de 1963.
Ele recitava a poesia de 11 versos como se fosse Marcos Costi escalando o Palmeiras de hoje no Allianz Parque. O time campeão de 1963 que meu avô Sebastião não viu depois de cair do caminhão na última viagem antes de morar na cidade grande, duas semanas antes de meu pai casar com minha mãe.
Sebastião, o vô da Livia, nunca esqueceu o time que meu avô Sebastião não conseguiu ver. Como os meus filhos lembram sempre do filho do meu Sebastião que os fez mais palmeirenses do que eu. O Nonno deles que também até o final escalava times que viu e os que não mais conseguia ver por medo de o Palmeiras perder.
Nonno, e quem é Sebastião aí em cima: não se preocupem. A prole segue por aqui com essa paixão. Apostando sempre como se fosse na Lotérica São Lucas. Apostando até camisa do rival com o Vampeta. Mas apostando sempre nos nossos meninos.