Felipe Melo, a Glória Eterna e a síndrome de Harvey Dent

Não seria vilão qualquer que fosse o cenário, mas sai de fato com a aura de herói

Essa síndrome não existe, é claro. Harvey é o memorável Duas Caras, do filme ‘Batman, o Cavaleiro das Trevas’. O personagem, no entanto, foi à galeria de imortais da cinematografia por conta de uma fala, uma frase que tomou puro protagonismo e se tornou um marco.

– Ou se morre como herói ou vive-se o bastante para se tornar o vilão!

Pra mim, Felipe é o herói. Existem figuras que carregam consigo o magnetismo da glória e ele é desse tipo. Fede à conquista, fareja taça, respira luta e transpira o quanto for preciso. Nunca vi o Felipe entrar em campo e ser mais ou menos. Errou dezenas de vezes, como qualquer um, mas jamais se indispôs. Profissional raro.

Como quando se recuperou de uma fratura, ignorou prognóstico, treinou incansavelmente e esteve em campo nos minutos finais da Libertadores. Há quem dissesse que a carreira havia acabado, mas ele ainda levantou duas Libertas e uma Copa do Brasil. É o magnetismo, sempre imparável.

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Quando não esteve no campo, esteve fora dele, ajudando, falando, orientando, passando do ponto, até, mas sempre com a intenção de vencer. Melo não é um bad boy, tampouco um mocinho, ele é intenso, falastrão, vitorioso, atrapalhado, verborrágico e sentimental. Valências claras de um palmeirense comum.

E foi polêmico, foi expulso, foi complicado, gravou áudio no dia errado, brigou com treinador, zombou dos outros, comprou nossas brigas, assumiu nossos discursos, foi odiado, amado, odiado, amado, odiado… campeão! A grande marca dos anos de Felipe Melo no Palmeiras são as taças. Ele teve a faixa no braço, bem como o parceiro Gómez, em duas Libertadores. Duas.

Sobre ser vilão: não acho que seria. Mas me pego pensando se o corpo poderia deixá-lo na mão e ver Felipe como um auxiliar luxuoso é algo que não condiz com seu tamanho no Palmeiras. A imagem que precisa ficar é o cara que limpou a área nos segundos finais da maior final da vida de muitos de nós. De quem segurou a Libertadores nas mãos. É essa, somente essa.

O futuro é volátil demais e a idolatria, idem. Ele sai como figura querida dos maiores daquele clube cuja história é repleta de gigantes. No fim, ele leva consigo o respeito que sempre quis ter. Leva as conquistas que prometeu trazer. E leva, de brinde, o amor de uma torcida.

Obrigado e seja sempre feliz, Felipe!

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