Foi tão errado quanto deveria ser

Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Era pra ser daquele jeito, mas, vou te falar, que jeito mais devastadoramente Palmeiras. Era fundamental, a vitória. A iminência de protagonizar aquele campeonato que já era prometido ao torcedor trouxe comoção ao chuvoso Pacaembu. O Grêmio de Rorger Machado era poderoso e nos faltava o aconchego do lar. Seria preciso brigar.

Foi uma guerra. Com Jesus, a paz pro agoniado palmeirense ensopado no concreto do municipal. Era pra ser mais calmo, mas os gaúchos fizeram da virada, o caos. Em uma fração de tensões, tomaram o jogo pra si e deixaram o time de Cuca com caraminholas para solucionar. Tenso e resfriado, o apoio da arquibancada já rareava. O Palmeiras tinha 22 anos de jejum como combustível. E combustão, também.

Nada se acertava. Os gaúchos tinham oportunidades, a chuva crescia. Os resmungos, mais ainda. Em um rasgo de absoluta cagada, Roger Guedes puxou um cruzamento lento e alto pra dentro da área que, de tão ruim e torto, terminou nas redes tricolores. O Porcoembu chacoalhava, enfim. Criou-se o clima que conduziria aquela noite para a memória de cada torcedor.

As chances se amontoavam nas poças d’água que o lindo gramado do Paca já passava a ter. Não havia mais futebol pelo chão e, como chuva, foi com Victor Hugo, voando, que o Palmeiras desaguou seus fantasmas para virar o duelo. Era a retomada dos pontos, da confiança e da busca pelo fim do jejum, mas ainda restava um jogo para se ganhar.

Como um gesto de fé, Cuca trouxe Thiago Santos do banco para cumprir o ritual e segurar o poderoso elenco de Roger Machado. Ele, que impedia gols, foi à área para sacramentar a conquista que ainda teria doses de emoção com o terceiro tento gaúcho. Nada mais impediria aquele Palmeias que virou na chuva, que anotou com o rei da desconstrução e que aprendeu o impossível.

Aquele Palmeias não sabia o que era limite. Sabia, sim, o que era ser campeão.

Relembre os melhores momentos de Palmeiras 4 x 3 Grêmio, naquele 2 de junho de 2016: