Fomos Dudu em 2018

Fomos Dudu em 2018. Como ele foi por nós desde a chegada de tirar o chapéu pra diretoria e depois Crefisa, numa manhã de domingo de janeiro de 2015. Era para ele ser do Corinthians ou do São Paulo. Foi nosso. E o que eles vinham repartindo foi redistribuído. O Palmeiras vinha mal. Mas pequeno era quem apontava o dedo pro outro lado do muro e arrotava o que perderia ao se perder em arrogância. Pequeno é gritar do outro lado da cidade sempre se referindo ao lado de cá com o que temos de melhor, de pior, ou simplesmente com o que somos. Cada um que cuide do seu. E cuide melhor. Porque estamos cuidando muito bem.

Como o Baixola Dudu que cresceu no Palmeiras e com o Verdão. Dudu que foi essencial na Copa do Brasil que Zé Roberto ergueu pelas mãos e pés de Prass pelo gigante, em 2015. Dudu que foi com Moisés e Gabriel Jesus a santíssima trindade do enea, em 2016.

Dudu que queria o negócio da China literal, no meio de 2018. Não poucos também queriam que ele fosse depois da Copa por parecer que ele não estava mais entre nós. Ainda que muitos não vissem o que nem sempre se enxerga. Dudu, quando está mal, e estava, não é daqueles que não estão nem aí. Ele está muito aqui. Ele tenta uma. Perde a segunda. Erra a terceira. Não dá a quarta. Engata a quinta e não engrena. Mas ele não engana. Ele quer jogo. Mesmo quando não vem.

Ele não foi. Roger saiu. Felipão chegou. E o que era dúvida virou Palmeiras. As dívidas foram pagas com juros e correção futebolística, juras de amor e raça. Dudu virou o jogo. Felipão não perdeu os jogos. Ele reencontrou o jogo. Os oito pontos para o líder Flamengo viraram cinco a favor. A ponta se tomou com um elenco de ponta. Foram 14 jogos com times alternativos sem alterar placares. Nunca na história deste Brasil que não tem maior campeão do que o Palmeiras uma equipe reserva sem reservas foi campeã.

Foi o que somos. O que é Dudu.

Virou o craque do time e do campeonato. Aquele que não celebrou o gol da primeira vitória contra o Inter chateado com críticas pelo mau jogo. Aquele que foi irresponsável como capitão ao quase tirar o time de campo em Itaquera, no Paulista. Aquele que fez belo gol no turno no Choque-Rei e celebrou com raiva de um menino de garra. Aquele que é o maior responsável pelas conquistas nestes anos de retomadas e remontadas.

Anos de Dudu. O mínimo multiplicador comum. Nosso “ídolo minúsculo” como diz Elci Farias. Nosso máximo denominador comum. É mais do que matemático e futebolístico. É palmeirense. Chato, talentoso, ranzinza em campo, feliz fora dele, briguento, amável, mimado, batalhador, duro de enfrentar, fácil de admirar, corneteiro, passional.

Ah! E campeão. Muito campeão. Multicampeão. Muito palmeirense.

Parece que seria, parece que sairia, não vai, vai, volta, fica, chora, sorri, joga.

E como joga. Torce.
E como torce.

Ele foi o Palmeiras. Ele foi como o Palmeiras em 2018. Ou muito melhor: ele foi o que sempre somos mesmo quando não somamos: campeões.