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‘Forma de preparar mentalmente’, diz especialista sobre febre do cubo mágico no Palmeiras

Em entrevista ao NOSSO PALESTRA, Fernando ‘Nandes’, ex-técnico de desenvolvimento de neurociência do Utah Jazz, destacou a importância da atividade no vestiário

Gustavo Scarpa monta um cubo mágico no vestiário do Morumbi antes da final do Paulista. O lateral-esquerdo Piquerez acompanha de perto. (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)
Gustavo Scarpa monta um cubo mágico no vestiário do Morumbi antes da final do Paulista. O lateral-esquerdo Piquerez acompanha de perto. (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

Em um vídeo postado nas redes sociais, o jogador Gustavo Scarpa, do Palmeiras, viralizou ao resolver um cubo mágico em menos de dois minutos. O meia, que é fã declarado do objeto, estava acompanhado de Renan Cerpe, um especialista que ensina em seu canal do Youtube como resolver o quebra-cabeça tridimensional.

Apaixonado por literatura, artes, skate e desafios de raciocínio logico, Scarpa, que já foi flagrado por seu companheiro de Palmeiras, Raphael Veiga, resolvendo um cubo mágico em uma confraternização da equipe, levou o desafio para dentro do vestiário e incentivou os colegas palestrinos a resolver o cubo. Em uma foto recente, na contração da equipe, uma imagem com cerca de dez jogadores utilizando o objeto bombou nas redes sociais.

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Especialista em Neurociência aplicada ao esporte e técnico pessoal do atleta all-star da NBA Rudy Gobert, Fernando Pereira, conhecido como ‘Nandes’, conversou com o NOSSO PALESTRA, destacando as vantagens que o cubo mágico pode trazer fora das quatro linhas. O profissional já passou também pelo Phoenix Suns e Utah Jazz, outras franquias da elite do basquete estadunidense.

– O cubo mágico pode ser uma tarefa interessante como um ‘aquecimento cerebral’ para a partida. É um desafio de raciocínio lógico demandando muito do cérebro em aspectos da atenção, concentração e foco. Estes são os pilares fundamentais para o desempenho na hora da partida. Além de aspectos de visualização tridimensional para conseguir montar o cubo da forma correta – destacou.   

– Podemos dizer que não é uma atividade de descontração, mas sim de alta exigência da concentração. O atleta buscar o cubo mágico é uma forma de desconectar do mundo ao redor e se preparar mentalmente para o jogo – acrescentou.

Nandes é especialista em neurociência aplicada no esporte (Foto: Arquivo Pessoal)

Para além da melhor concentração na peleja, o objeto, aliado com outras atividades, pode melhorar o desempenho dos jogadores que têm dificuldade na tomada de decisão. Fator inúmeras vezes ressaltada por Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, em coletivas após as partidas, a melhor e mais rápida tomada pode diretamente influenciar resultados de confrontos.

Vale lembrar que o Palmeiras sofre com a tomada de decisões no Campeonato Brasileiro. A equipe é quem tem o segundo pior aproveitamento nas finalizações entre os 20 clubes do campeonato. Com apenas 31% dos chutes corretos, o Verdão fica atrás apenas do Botafogo na pontaria. De acordo com o Footstats, site especializado em estatísticas, em 81 finalizações da equipe, apenas 25 foram no alvo, totalizando somente 31% de pontaria. Os números fazem com que os comandados de Abel Ferreira estejam atrás somente do time carioca, que possui uma média de 29% de acerto.

– A tomada de decisão é um processo complexo envolvendo diversas funções cerebrais e precisa ter algum grau de especificidade com a tarefa, que nesse caso, são as habilidades técnicas do futebol. Somente a atividade com o cubo mágico, antes da partida não seria a solução. Porém, o atleta que possui problemas para se concentrar e focar antes da partida pode usar essa e outras estratégias, ajudando nesses processos que são importantes para a tomada de decisão – analisou.

(Foto: Arquivo Pessoal)

Além do cubo mágico, Fernando ressaltou a importância de atividades complementares de raciocínio e contração no futebol. Usando novamente Gustavo Scarpa como exemplo, o hábito de leitura desenvolvido pelo meia pode ser proveitoso dentro das quatro linhas.

Fã de Machado de Assis, o camisa 14 foi quem mais deu assistências entre todos os jogadores do Campeonato Brasileiro da Série A em 2021, com 13 passes para gol. Somando todas as competições, foram 22 passes para gol, além de oito gols. Scarpa também foi quem mais jogou, com 55. E, somando todo o ano de 2021 – e não somente a temporada – entrou em campo 70 vezes com a camisa alviverde, recorde do elenco.

– Podemos partir do princípio de que se uma pessoa consegue ler um livro durante algum tempo sem se distrair, já é uma habilidade de sustentar a atenção e o foco, concorda? Muitas pessoas não têm essa capacidade. Atualmente, com a utilização dos aparelhos celulares estamos sendo bombardeados a cada segundo com informações, notificações, mensagens, entre outros fatores. Isso acarreta ansiedade rotineira de conferirmos a todo momento as redes sociais. Isso causa redução na capacidade de sustentar a atenção em um tópico específico. Com um clique mudamos completamente o contexto do que está sendo exibido na tela – iniciou a análise.

– Ler um livro com boa concentração pode ser considerado uma ’maratona cognitiva atencional’. Além disso, ainda trabalha duas funções cognitivas importantes, a memória de trabalho e o controle inibitório. Pois o atleta precisa atualizar informações a cada letra e sentenças lidas e ainda inibir qualquer estímulo distrator. O atleta que consegue ter tais funções desenvolvidas pode ter mais bem tomada de decisão no campo – sintetizou o raciocínio.  

Jogadores do Palmeiras usam cubo mágico durante viagem de avião. (Foto: Divulgação / Instagram)

Para finalizar, Nandes frisou que a neurociência aplicada nos esportes é uma área em plena ascensão no mundo esportivo, chegando lentamente em todas as modalidades esportivas. Aos olhos do especialista, a prática melhora o desempenho, mas ainda segue tendo restrição por uma ala conservadora.

– As neurociências aplicadas ao esporte viraram campos ricos e amplos a serem explorados pelos atletas e treinadores. A aplicação das novas informações auxilia diretamente na melhora do desempenho esportivo. Podemos dizer que atualmente a neurociência está chegando lentamente em todos os esportes, estamos em um cenário positivo comparado há cinco anos (…) Um grande problema é a resistência dos velhos hábitos e crenças intuitivas. Elas criam preconceito às mudanças de paradigma no treinamento. Dica aos esportistas: cérebro, prazer em conhecê-lo – concluiu.

Com Gustavo Scarpa e toda a trupe do cubo mágico, o Palmeiras volta a campo neste sábado (14), em partida válida pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro. O Verdão encara o Red Bull Bragantino, no Allianz Parque, às 16h30 (de Brasília). Em 13º no certame nacional, o Verdão soma apenas uma vitória em cinco partidas e busca se reabilitar na competição.

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