Fratello Menezes

Quando Felipão chegou em 1997, muita gente não o queria no Palmeiras pela rivalidade com o Grêmio e pelas vitórias felipônicas nos confrontos diretos pelas Copa do Brasil e Libertadores de 1995, e pelo BR-96.

Mas até os que torciam o nariz querendo mesmo era torcer o bigode dele entendiam que ele era o cara para ganhar a América que conquistou em 1999.

Felipão virou o jogo quando começou perdendo. Mas não chegou ao Palestra como está perdendo de goleada Mano Menezes.

Falo pelo que sinto desde que 1975, quando Brandão foi para a Seleção e chegou Dino Sani, na primeira troca de comando técnico que vi: nenhum outro treinador depois (para não dizer antes) chegou tão pressionado e contestado quanto Mano ao Palmeiras – que é quarto colocado no BR-19 (com um jogo a menos).

Mesmo apostas jovens ou outros treinadores talvez rodadas demais ou com algum tipo de senão foram mais rejeitados/rechaçados que o atual (e único) bicampeão da Copa do Brasil. Treinador de Seleção de trabalho promissor depois de tropeços até ser substituído em 2012 por… Felipão.

A rejeição tem alguns motivos. Mano representa o jogo que o palmeirense (que não o quer) não quer mais ver como filosofia de jogo. Tem ótima história no Corinthians. Perfil mais técnico e profissional que emotivo e animador – quando não algo provocador. Sua ótima última equipe ficou 8 jogos sem fazer gol e ganhou apenas 1 dos últimos 19 jogos dele no Cruzeiro.

Mas ao mesmo tempo Mano foi o comandante que só foi perder um jogo em 2019 no início do Brasileiro. Um que sabe montar equipes muito competitivas, não necessariamente vistosas. Embora ótimos momentos como os do Corinthians em 2009 nem sempre sejam devidamente reconhecidos.

A minha escolha seria Coudet, do Racing. Mais ofensivo e também equilibrado, e sem muitas objeções. Sem o argentino, pensaria em alguém como Dorival Júnior, que também teria restrições, mas conhece o clube, como atleta e técnico, e gosta de um futebol mais, digamos, “vistoso”.

Mas Mano é ótimo. Muito inteligente. Copeiro como pretende o clube. Cascudo como exige a direção. Pode com as cobranças e mudanças mudar um pouco para se adaptar ao ambiente contrário, sem contrariar princípios. Pode buscar soluções mais “ousadas”. Pode sair mais para o jogo. Pode ser outro.

O problema é ter tempo e paciência dos outros para mudar.

Mano começa já desgastado. Sempre um perigo. Ainda mais em dias de intolerância. Ainda mais no Palmeiras que anuncia contrato até final de 2021 que quase todos sabem que não vai ser até lá.

Ou não?