Futebol não é miojo. A torcida do Palmeiras precisa saber o que quer
Desde que Roger Machado foi anunciado como técnico do Palmeiras, eu venho tentando alertar o papel da torcida palmeirense no trabalho do novo técnico. Esperei o primeiro sinal de ‘crise’ nas redes sociais para fazer esse texto, que não é uma carta de defesa ao gaúcho, e sim, um grande alerta para o turbulento estado islâmico verde.
Roger Machado chegou ao Palmeiras tentando implementar o seu estilo de jogo. Com uma zaga totalmente reformulada e frágil, Roger vem sofrendo para dar intensidade, compactação e traduzir o seu trabalho em domínio de jogo para o forte elenco do Palmeiras.
Porém é muito cedo para criar um estardalhaço como se tudo estivesse errado. Futebol não é miojo. Infelizmente o resultado de um trabalho não virá nos primeiros 3 minutos, 3 meses de trabalho, muito menos no primeiro jogo com 9 reservas da temporada.
A análise do torcedor precisa mudar, dos conselheiros e diretoria idem. E nós da imprensa? Também. Entrar nessa pilha de triturar técnico só contribui para o nível fraco que se transformou o nosso futebol nos últimos tempos.
Dorival Júnior disse, em entrevista após o empate do São Paulo com a Ferroviária no Morumbi, e eu concordo: existe uma cultura de triturar técnicos no Brasil. Vão jogando todos os outros problemas pra debaixo do tapete á procura da próxima vítima.
Até 15 dias atrás, o Corinthians de Fábio Carille só tinha uma maneira de jogar; era um time fraco e sem criatividade desde o primeiro turno do Brasileiro de 2017 e iria passar vergonha em 2018. Como num passe de mágica, o time voltou a ser um dos melhores do Brasil.
A torcida do Palmeiras precisa decidir o que quer. Colaborar para que um técnico estudioso e novato dê certo e enfim consiga criar uma filosofia e um padrão de jogo para o time, ou seguir perdido igual em 2017, quando o clube passou o ano tomando decisões equivocadas e só dificultando ainda mais o ajuste do time em campo.
Guardiola, um dos melhores técnicos da história, não conquistou absolutamente nada com o Manchester City em seu primeiro ano de Inglaterra. Já nesta temporada vem fazendo coisas absurdas e batendo recordes atrás de recordes. E mesmo assim foi eliminado por um time da terceira divisão hà alguns dias. Será que o trabalho dele foi questionado por alguém?
Aprenda que há um abismo entre criticar um técnico que entra com 3 volantes diante do São Caetano dentro de casa, e querer que esse técnico vá embora na quinta-feira caso o Palmeiras perca o Choque-Rei.
É preciso aprofundar o debate, criticar com respeito e apoiar a gestão para que o clube consiga sair desse labirinto em que se enfiou. Não é possível que não enxerguem o maior rival com uma filosofia de jogo pré-definida, com somente 4 técnicos nos últimos 8 anos.
O Roger precisa ficar no Palmeiras pelo menos até o final do ano. Pelo bem do debate, pela nova mentalidade e modernidade da Sociedade Esportiva Palmeiras, e para que de uma vez por todas o torcedor entenda que futebol não é cozinhar um macarrão instantâneo.