Artilheiro e melhor jogador do Mundial sub-17, Gabriel Verón fala sobre a origem e os sonhos
No início do mês, a equipe sub-17 do Palmeiras foi à Espanha e conquistou o título mundial da categoria. A taça veio com uma campanha invicta de cinco vitórias e um empate. A vitória mais importante, na grande final, foi sobre o badalado Real Madrid, com um sonoro de 4 a 2. Um dos gols da goleada foi marcado pelo atacante Gabriel Verón. Natural de Assu, no Rio Grande do Norte, o garoto de apenas 15 anos terminou a competição como artilheiro – com nove gols – e, de quebra, foi eleito o melhor jogador do campeonato.
Com nome de batismo em homenagem ao ex-craque da seleção argentina Juan Sebastián Verón a pedido de um vizinho assuense (veja o vídeo no final da matéria), o garoto da base alviverde não se deslumbra com o sucesso e afirma que precisa melhorar em muitos fundamentos. Principalmente nas finalizações.
“Essa foi a primeira vez que terminei um campeonato como artilheiro. Venho treinando sempre com o treinador Artur (Itiro, técnico do sub-17) e estou me aperfeiçoando. Preciso evoluir muito nas finalizações. Fui artilheiro, mas sei que tenho que melhorar para me considerar um jogador pronto. Principalmente as cabeçadas e os chutes de fora da área”, fala o jovem atleta.
Admirador do futebol de Neymar e Cristiano Ronaldo, Gabriel Verón tem como principais características a força física, a velocidade e os dribles. Diferente do que se imagina, devido à quantidade de gols marcados no Campeonato Mundial, ele não é um centroavante. Mas sim um ponta clássico ou um atacante de lado de campo. “Gosto de atacar pelos lados em velocidade e arrastar a defesa adversária para dentro da área”, detalha o jovem.
Morando há um ano e três meses nos alojamentos do Palmeiras, Verón conta que os seus primeiros passos no futebol foram dados no futsal, enquanto jogava na escolinha que o seu tio mantém em Assu. “Lá, me destaquei disputando alguns campeonatos e, quando tinha 9 anos, ganhei uma bolsa de estudo na melhor escola particular da Cidade”.
Cinco anos mais tarde, Verón participou de uma peneira realizada por empresários da capital potiguar, na sua cidade. O talento do menino chamou a atenção dos organizadores que o levaram para jogar no Santa Cruz de Natal. “Com pouco mais de um ano por lá, um dos empresários conseguiu um período de testes de três dias aqui no Palmeiras para mim. No final, fui aprovado e contratado pelo Clube”, revela o garoto.
A categoria do jovem já o faz pular algumas etapas na base alviverde. Perto de completar 16 anos – ele faz aniversário em 3 de setembro – Verón está uma categoria acima da correspondente a sua idade. Mas isso não mexe com a cabeça do garoto. Apesar de sonhar com a promoção aos profissionais, ele não tem pressa para chegar no elenco principal do Verdão.
“Estou uma categoria acima da minha e acho isso muito importante, porque o meu trabalho está dando certo. Estou conseguindo desempenhar aquilo que venho treinando e conseguindo aproveitar a oportunidade que tem sido dada. O meu objetivo é chegar ao time profissional. Mas, primeiramente, estou pensando no sub-17. Temos muitos campeonatos ainda no ano e a minha mente está em conquistar mais títulos. Depois penso lá na frente.
ACIMA DA MÉDIA
Técnico da equipe sub-17 do Palmeiras, Artur Itiro, explica que a transformação de Gabriel Verón em artilheiro começou há cerca de seis meses. De acordo com o treinador, o jovem sempre apresentou uma capacidade de dribles e para dar assistências acima da média. No entanto, faltava corrigir alguns detalhes.
“Ele sempre teve um repertório bom, mas com uma dificuldade para fazer gols. Então, pedimos para conferir os rebotes que era uma coisa que não fazia, atacar a pequena área, antecipar a marcação, fechar no segundo pau… começamos a fazer treinos específicos. E vamos continuar assim porque sabemos que ele precisa estar treinando isso constantemente”, diz o técnico.
“Temos que entender que ele não é um artilheiro, ele está artilheiro. Se não o mantivermos treinando essas coisas, com todos os outros aspectos (físico, tático psicológico e fisiológico) em dia, os gols deixarão de acontecer”, acrescenta.
Muito por conta da coincidência do nome e pelo faro de gols, é natural comparar Verón com Gabriel Jesus, também lapidado nos campos do Centro de Treinamento do Palmeiras, em Guarulhos. Questionado, Artur Itiro afirma que vê ligeiras semelhanças entre os dois, e lembra que assim como o seu atual jogador, Jesus também começou jogando pelos lados do campo. Contudo, prefere não fazer nenhuma comparação a mais.
“Temos que olhar o Gabriel Jesus como Gabriel Jesus e o Gabriel Verón como Gabriel Verón. Nos espelhamos em alguns comportamentos do Jesus, porque ele foi nosso e apresentou um desempenho tão acima da média que hoje está vestindo a camisa 9 da Seleção Brasileira. Mas o que temos que fazer é trazer o que ele (Jesus) tem de bom para os treinamentos e colocar no Verón. E só. Sem compará-los”, finaliza.