Ganhamos do Barcelona. Perdemos pro Palmeiras

Mustafá, o Diabinho Verde sobre meu ombro mais pesado que o de Egídio antes da cobrança do pênalti, pede para que eu detone o Galliote e a entrevista dele a respeito da “evolução” do Palmeiras em relação à última Libertadores. Mustafá exige que eu peça a cabeça de Alexandre Mattos por ter torrado uma grana verde em 983 contratações para ter de escalar Tchê Tchê e Egídio nas laterais e Keno na frente em jogo decisivo. O insaciável Mustafá do capeta implora para que eu cornete Cuca por todas as escalações e mexidas e por ele não ter batido o pênalti já que ninguém quis cobrar no lugar de Egídio.

Mustafá quer mandar meio time e todo o banco embora. Não importa a história e o caráter de muitos campeões. Belzebu Mustafá quer aproveitar e limpar o departamento de marketing. Quer cortar custos e investimentos que ele sempre acha que são gastos. Quer fechar a torneira da Crefisa e cortar as azinhas da Leila Pereira. Quer mandar meio mundo embora porque acha que Borja micou – mesmo que toda equipe brasileira o quisesse em janeiro. Quer demitir o outro mundo por achar que não tinha que comprar o craque e campeão da Libertadores de 2016 – Guerra. Acha um erro agora ter contratado Felipe Melo e acha outro erro ter afastado. Detona o preparo físico da equipe. Tinhoso Mustafá nisso se assemelha a quase todo torcedor que foi dormir puto com a eliminação. Se é que dormiu.

Anjo Gabriel pousa no meu outro ombro. Mesmo abatido, e até concordando com algumas diabruras de Mustafá, ele pondera com o sangue doce e a cabeça no lugar. Lembra a ausência do xará Jesus desde janeiro. Lamenta que só agora voltou Moisés – e parece que os outros é que ficaram cinco meses sem jogar, não ele. Reclama as lesões de Mina e Dudu com a bola rolando contra o Barcelona. Os problemas de Guerra. A queda de produção de Jean, Zé Roberto, Edu e Prass. Releva o nervosismo, o excesso de cruzamentos e ligações diretas, a falta de aproximação e apoios na frente, a sobra de espaços atrás. Compreende a mudança de treinador e a falta de maior tempo para treinar de Cuca. Enaltece Moisés cobrar pênalti mancando. Louva Jailson defender pênalti e sair se arrastando. Sabe que Bruno Henrique não estava 100% fisicamente no pênalti. Não sabe porque Egídio bateu o pênalti. E reza pela alma dos que não tiveram coragem de bater. Anjo Gabriel sabe que nem Pelé gostava de bater pênalti. É arte para Evair.

Anjo Gabriel está quieto como saiu o Allianz Parque eliminado. Pensou até em gritar “time sem vergonha” quando percebeu que um chute não define um time – mas pode determinar a vergonha. Mas foi o anjo quem puxou o grito de “olé, Porco” em vez das mustafices das cornetas do apocalipse.

Libertadores não é obsessão. O Palmeiras é. Por isso não dormimos. Sonhamos e acordamos com um pesadelo que nós sabíamos possível. Mas não queríamos acreditar por tanto que cremos em quem nos ensinou a acreditar que Marcos defenderia, Evair bateria o pênalti, Edmundo driblaria, Rivaldo golearia, César marcaria, Luís Pereira desarmaria, Leivinha cabecearia, Alex passaria, Dudu correria, Ademir da Guia pensaria, o Palmeiras passaria.

Passamos vergonha para os diabinhos. Vexame para os equilibrados. Passamos o ponto para os anjinhos. Paramos nas oitavas. Mas não podemos parar. Nem parar com o trabalho que pode ser melhorado. Merece ser criticado. Mas sem caçar bruxas e bagres. Muito menos craques.