Grite, apoie e berre! O espírito verde que te empurra
Macambúzio, curtindo a ressaca de uma segunda-feira que sucede o êxtase de muitas horas de música, de liberdade, de energias positivas. Como um processo de carregar a alma para encarar de peito aberto o desafio que viria depois da meia noite. Cá estamos, meu amigo, aquecendo os corações para mais um dia de Pacaembú.
Imagino que não tenha sido só eu que, de olhos fechados, tenha subitamente revivido aquela quinta de emoção, de alegria, de frustração, confiança, superação e lealdade entre um povo e um grupo de jogadores. Os arrepios são imediatos mesmo que o tempo faça rarear a lembrança detalhado sobre aquela noite de fado. Ou conto.
Contrariando até nossa lógica mais niilista, aquele Palmeiras foi o que de mais italianamente há sobre nós. Não por nossa visão negativa sobre a qualidade daquele esquadrão, mas sobre nossa fé cega que as forças externas ao campo poderiam mudar a sequência daquele filme.
Vocês sabem o resto. Vocês sentem até hoje. Eu sei. O Palmeiras sabe e é dia de reavivar o que é tão nosso. Hoje, senhores e senhoras, é mais um dia de decidir nas nossas vozes o destino do clube, do nosso humor, da nossa satisfação e da nossa paixão.
Se a perna do nosso lateral pesar, empurraremos. Se o carrinho der errado, desviaremos a atenção do rival em vaias. Se a bola não quiser entrar, consertamos o percurso na marra. Na garra. Na garganta. Se tudo resolver se complicar, se Wesleyzar, preencheremos o lugar no espírito. É amor, é muito mais do que um número.
Assumam o espírito. Vocês fomos capazes de carregar nos braços times muito menos capazes para aquele dia de Libertadores, aquela noite de Copa do Brasil. À fórceps e à pulmão, resolvemos. Resolveremos mais uma vez. Chegamos em ótima condição, mas na típica fragilidade de um clássico.
Eu acordo com a fé que tudo ocorrerá como essa lembrança tão empolgante. E me empolgo por saber que se houver um percalço, a alma daquele dia recolocará mais um Jailson, Prass, Charles, Dudu, eu, você e o que for preciso no devido lugar. Lugar esse que só pode terminar em prosa, verso e taça, afinal, basta acreditar que um novo dia vai raiar e a nossa hora vai chegar!
*Texto de Jõao Gabriel Falcade