Guilherme e Leonardo vão soltar a voz no Allianz Parque
Os irmãos Leonardo e Guilherme têm apenas 4 anos. Mas ainda não falam. Como todos os portadores de TEA (Transtorno de Espectro Autista), eles têm um tempo e uma vida só deles. Ainda bem que têm pais como os deles que amam como todos. Mas Duda e Renata, eu acho sem conhecer, amam ainda mais.
Como qualquer portador de TEA, os filhos têm alguma dificuldade para se relacionar. Alguns comportamentos agressivos. Dificuldade com situações diferentes ou inesperadas.
Eles têm problemas para entender times como o do Palmeiras de 2014 e torcedores que não sabem contar até deca. Não entendem alguns escanteios curtos, balões pra área, erros de arbitragem, teimas de escalações, comentários na mídia. Não conseguem superar cinco minutos ruins na Bombonera, uma hora de mesa redonda falando de fair-play financeiro, do tamanho do elenco do Palmeiras, de quanto Felipão está superado. (Sim. Todos nós temos sintomas de TEA. Somos todos iguais. Mas o Leonardo e o Guilherme, Renata e Duda, são mais especiais pelos pais que têm. Como o Murilo, pelo Thiago que também o fez palmeirense). E eu já sei como vai ser a primeira vez abrindo a boca dos gêmeos. Vai ser lá no Allianz Parque, em algum jogo complicado – e todos eles são. Palmeiras precisando vencer – como sempre. A torcida empurrando o time para atacar no Gol Sul no segundo tempo – praxe. A gente cantando “Palmeeeeeeeeeeeiras”! E eles, nessa hora, vão cantar junto com milhares ali. Milagres também.
Leonardo e Guilherme vão soltar a voz logo mais. E vão começar gritando Palmeiras! Vai, Dudu! Tira daí, Edu! Chuta, Bruno! Passa, Moisés! Cruza, Mayke! Lança, Felipe! Espalma, Prass! Defende, Jailson! Chupa! Imprensinha! Te amo, mãe! Te amo, pai!
Vai por mim e vamos pelo Palmeiras, Duda: aposto um jogo no Allianz Parque com seus filhos no colo que quando eles começarem a falar e cornetar, eles não vão parar. Porque somos todos assim. Nós todos Palmeiras. E somos ainda mais vocês.