Don’t let me down

Inglaterra, 1969.

John, apaixonado, vivendo as loucas e deliciosas sensações do amor, deixa em uma folha de papel, sua angústia. Fala à amada Yoko em tom de súplica para que ela não o decepcione nessa aventura amorosa. Entregue ao sentimento, Lennon deixa registrado em violão, bateria e guitarra aquela história, aquele pedido.

Translúcida ao mundo, a sensação de esperança que se aliou ao medo tomou de assalto a vida do eterno Beatle. Seria perigoso se entregar ao bom presságio ou perigoso esperar tanto de alguém? Não tem receituário no amor. E o homem tem poucos ao longo da vida. Os pais, a companhia e o time.

Orlando, 2020.

Tá quase tudo errado, mas tem muita coisa quase certa. Começo muito bom, essa máquina de jogar futebol.. de merda que esses caras fazem, não servem pra jogar no Palmeeeeeiras, Palmeeeeiras, fiu, fiu. Nem pra jogar nessa tal de Copa Mickey aí, que absurdo esse William LINDO, golaço. Viramos, pô. Agora é só secar o rival pra levantar o caneco.

O torcedor se entrega. Se joga. Mergulha. Afuuuunda.

E por isso vive a inconstância, a incerteza sobre seus sentimentos. Ele tem medo de achar tudo bem ou tudo ruim. Muda de ideia como John trocava de instrumento e também sente a insegurança que o menino de Liverpool incutiu em sua obra de arte. O receio de se entregar.

Que erro eles teriam cometido, oras? É substancialmente saudável não estar convicto sobre tudo, sobre todos. Quer maior prova de lealdade do que ter medo de vê-lo fracassar e ficar em extâse pelo sucesso?

São Paulo, segunda, 20/01/20.

Data cabalística para recomeçar efetivamente. De testes feitos, mudanças afirmadas, saídas finalizadas. Espaço para novas chegadas. Esperança para um novo ano. Uma conquista, porque tudo vale quando se ama e com que se ama. O Palmeiras reacelera em busca da felicidade com os seus torcedores ao lado. Casou, de novo.

E como bem dito pelo ídolo, o lado verde pede ao seu clube:

"Don’t let me down"!
e feliz ano novo!