História de criança: Palmeiras 1×0 Athletico

Ninguém duvidava que o jogo seria complicado. O time de Tiago Nunes não é campeão sul-americano e membro dos mata-mata da Libertadores à pouco preço. E os duelos contra os paranaenses, ao longo da história, jamais foram uma tarefa simples de um sábado qualquer. A promessa de encrenca se concretizou em campo em uma partida duríssima.

Com a mesma postura desde o primeiro segundo, o time de Luís Felipe Scolari foi justamente o que o caracteriza. Intensidade, pressão e um pouco mais de intensidade. Ainda que trouxesse à campo sua dupla de zagueiros menos titular, o resto dos onze foi o que o treinador acreditar ser de melhor. E até que o CAP pudesse entender onde estava, o Palmeiras criou boa chance com Dudu e no resto do tempo, se defendeu. Das pancadas.

Bem treinado, o adversário sabia o que fazer em campo e encontrou caminhos para assustar Weverton, mas só de fato o fez com o chute de Nikão que encontrou o rosto do gigante alviverde e por culpa, ou mérito, do VAR, teve sua expulsão revista e seguiu em campo para encerrar o primeiro tempo duríssimo que faziam os dois times.

Até que a pedra no meio do caminho, como poesia, começou a desenhar essa história de infância que construiu a vitória alviverde. Já nervoso com as chances desperdiçadas e com a confusa arbitragem que comandava a peleja, o Palmeiras se confundia nas ações. Deyverson fazia jogo atrapalhado e Lucas Lima tentava, mas sem sucesso.

Veio Veiga. Veio a história.

Em jogos com muitas histórias ex-amor, a mais intensa fez o caminho pra vitória. Em linda bola tocada pelo veia de gelo, Marcos Rocha, Dudu foi atropelado dentro da área e era o pênalti pra quebrar a barreira rubro-negra. Mas quem assumiria a responsa de bater diante de um estádio cheio, em um zero a zero?

O mesmo que bateu o pênalti do primeiro título internacional da história do rival desse chute. Que deu alegria imensa àquele povo que por mais que tenha tratado Rapha bem, não era o que tocava o coração do menino que ia ao Palestra Itália, sentado próximo às chaminés. Era a chance de balançar as redes com as cores que torce, no estádio em que já torceu.

Com muita raiva, com muito coração, com muito amor ao momento, Raphael Veiga se fez sonho. Construiu seu momento de molecote. Abriu o placar e fez o tento decisivo para dar a vitória ao super invicto. Manteve feliz sua família, seus amigos que dividiam arquibancada. E trouxe a todos nós a real sensação que ainda existem histórias de amor no futebol.

No resto do segundo tempo, viu seus companheiros serem o que sabem ser, por excelência: eficazes. Defenderam os 30 jogos sem perder, os minutos e mais minutos sem sentir a dor do gol adversário. O Allianz Parque pulsou, enfim, em ritmo de vitória e de gratidão por mais uma conquista importante e por ver um torcedor fazendo história nas quatro linhas.