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João Gabriel Falcade: 'Se fosse a última viagem'

E se essa, valendo a Supercopa do Brasil, fosse minha última vez rodando o país atrás do Palmeiras?

(Foto: João Gabriel Falcade)
(Foto: João Gabriel Falcade)

No caminho para o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, me peguei pensando sobre o valor de tudo isso que fazemos. As crises de raiva, as noites em claro, os reais gastos, o esforço de todos os dias para viver uma paixão que nada nos retribui em bens materiais. E se essa, valendo a Supercopa do Brasil, fosse minha última vez rodando o país atrás do Palmeiras?

Terá valido a pena. No fim da história, ou do período que demorei para chegar ao portão de embarque, senti que o motivo de tanta entrega é o amor mais inocente e intenso que existe. Terá valido a pena largar minha família em um passeio de férias para chegar ao Distrito Federal e criar meu próprio Faroeste Caboclo ao lado do meu time e meus irmãos de causa.

Cada vez que pisamos em ônibus, avião, trem, metrô, nos apegamos nas amizades que fizemos, nas pessoas que vamos reencontrar, nas histórias que vamos escrever – com lágrimas de tristeza ou de alegria, afinal esse é o futebol. Risco iminente da tragédia, amigo íntimo da glória (eterna). Só celebra aquele que paga para ver, e que sabe levar de vencida.

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Fazer nosso maior amor, de fato, campeão, é o que move essa gente toda, essa entrega toda. Porra, olha que coisa de maluco: é um jogo só, favoritismo dos caras, o preço da passagem um absurdo memorável, mais de mil quilômetros pra andar, e ninguém arreda pé. Tem gente chegando por todos os lados, com todo tipo de causo pra contar. Com toda força do mundo pra torcer.

O que vale a Supercopa, além de uns milhões e a zoeira da segunda-feira, é orgulhar sua gente, encher esse povo com alegria, com recompensa por tudo o que fazem – sempre de graça e por puro amor. Ninguém faz tanto corre para ganhar dinheiro ou ser promovido, é pra gritar debaixo de sol e tentar ajudar os que estão em campo. É simples, sincero, honesto, a voz que sai da medula.

Hoje, Palmeiras, jogue por nós. Jogue por nossas histórias de vida. Joguem pelo nosso orgulho. Joguem por quem não pôde vir, quem está de orações e emoções voltados para o Mané Garrincha. Ganhar ou perder é o fino resultado de uma equação promovida pelo acaso, mas fazer tudo o que for possível para diminuir a força do imponderável, isso é Palmeiras. Isso seremos nós. Daí é de cá.

Lutem sem parar. Nós estaremos de coração.

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