Opinião: Luxemburgo merece respeito, mas deixa pouco legado no Palmeiras
Técnico fez um trabalho aquém de sua história no clube, mas não merece mais a chuva de ódio que caiu sobre sua cabeça
Desde que Vanderlei Luxemburgo foi escolhido para assumir o projeto de futebol do Palmeiras em 2020, eu critiquei a escolha do clube. Nada contra o professor, mas muito pela promessa de ‘revolução’ na maneira do Verdão jogar, feita dias antes, por Maurício Galiotte, após demitir Mano Menezes.
O velho Luxa se apegava ao passado para provar que ainda conseguiria entregar uma boa perfomance ao Verdão. Sem conquistar absolutamente nada nesta década, o professor sabia onde estava pisando e somou importantes aliados para tentar trabalhar em paz na Academia de Futebol.
O começo foi animador, não pela ‘conquista’ da Flórida Cup, mas por algumas ideias que pareciam ser produtivas. Como Felipe Melo de zagueiro e a aparição de crias da base já no time titular desde o início de temporada.
Não dá pra colocar o uso da base no colo de Luxemburgo. Apesar dele ter bancado alguns jovens no time de cima, a política do clube para 2020 estava bem clara, independente de quem fosse o treinador. Alexandre Mattos inclusive já tinha avisado que oito garotos iriam subir.
Se ele teve o mérito de ‘botar os moleques pra jogar’, como prometeu na sua coletiva de apresentação, a bagunça tática de seu time dentro de campo atrapalhou o desenvolvimento de alguns jovens com muito potencial, casos de Gabriel Veron e Gabriel Menino.
Luxemburgo teve um certo mérito na conquista do Paulista sobre o Corinthians, após 12 anos. Muito mais pelo fator emocional e motivacional, do que técnico e tático. Tanto que o Verdão venceu o título mais na raça do que na bola. Mas mesmo assim, o treinador não deixa de ter sua importância naquele que talvez seja o último troféu de sua gloriosa carreira.
Felipe Melo de zagueiro é outra invenção do técnico que teve lá seus méritos, principalmente no primeiro semestre. Agora, com o time mais exposto, o camisa 30 vem sendo um dos mais criticados, e muitos torcedores já não querem mais o capitão jogando na última linha defensiva do clube, o que vem se mostrando uma tática quase que suicida.
O maior e único grande legado de Luxemburgo no Palmeiras se chama Wesley. E a não utilização do jovem de 21 anos no jogo diante do Coritiba, mostra como Luxemburgo estava mesmo perdido no banco de reservas alviverde.
Segundo os amigos do Análise Verdão, o camisa 21 é quem mais dribla e mais cria chances de gols no Palmeiras. Sua evolução técnica é nítida e ele conseguiu se sobressair mesmo no deserto de ideias que era o alviverde de Luxa.
Segundo dados retirados do SofaScore, levando em consideração apenas as últimas quatro partidas disputadas pelo garoto, Wesley conta com 1 gol, 3 assistências, 11 dribles certos em 13 tentativas, 4 passes decisivos, 3 grandes chances criadas e 16 finalizações, estatísticas que destoam do restante da equipe titular. Vale ressaltar também o bom número defensivo, com 7 desarmes e 15 duelos defensivos ganhos no mesmo período.
Até pela dificuldade dos pontas se consolidarem após a saída de Dudu, o camisa 21 foi o único extremo que conseguiu agarrar as oportunidades dadas por Luxemburgo. Até o momento, foram 15 partidas disputadas como jogador no futebol profissional do Palmeiras, sendo 11 delas nos últimos 14 jogos da equipe.
O próximo técnico que chegar ao Palmeiras terá muito trabalho pela frente. Além de precisar resgatar a confiança de alguns jogadores, o novo professor terá pouco tempo para dar uma cara ao time que está classificado para o mata-mata da Libertadores, e também inicia a briga pelo tetra da Copa do Brasil.
Com Wesley, de titular.
Vanderlei Luxemburgo foi vítima de um clube que não sabe o que quer, uma diretoria que sonha com um modelo de jogo moderno e propositivo, mas aposta todas as suas fichas em quem prefere enxergar o futebol com os olhos do passado.
Luxemburgo merece muito respeito, e é sim um dos maiores técnicos da história da Sociedade Esportiva Palmeiras, mas sua quinta passagem pelo clube veio com prazo de validade.
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