Mauro Beting: ‘Canta aê, Luiz Adriano’

Desde que começou a atropelada e atribulada campanha de 2021, você esteve em quase todos os lugares. Menos na área rival. Menos vestindo a camisa palmeirense como tão bem a havia vestido

Luiz Adriano, você foi campeão do mundo com gol do Gabiru. Da Libertadores com gol do Breno Lopes, naquela jornada épica em que você foi essencial em Avellaneda. Com seus gols e assistências e experiências goleadoras pela Europa ajudando demais o Palmeiras no SP-20, na Libertadores e Copa do Brasil daquela temporada que invadiu 2021.

Mas desde que começou a atropelada e atribulada campanha de 2021, você esteve em quase todos os lugares. Menos na área rival. Menos vestindo a camisa palmeirense como tão bem a havia vestido. E as outras tantas antes.

A bola passava e você não andava. O jogo corria e você, parado. O Palmeiras em campo, você flanando. A torcida cornetando e você só reagindo na pressão alta e desproporcional E a aumentando ainda mais sobre a própria cabeça. Não se via o camisa 10. Só se via o reagindo no tranco. Mais aparecendo quando era substituído do que quando escalado.

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Fosse você o que é, o mais provável era você substituindo Raphael Veiga no Centenário. Ou melhor. Começando mesmo aquele jogo. Você é para decisão. Para jogo do seu tamanho. Mas você se apequenou. Não quis mais jogo. Só a sua partida do clube. Só quis disputa. Você se perdeu. E o Palmeiras ganhou no seu lugar, naquele instante eterno, um cara com fome. Apetite. Com vontade de jogar e roubar bola. E aí Deyverson. E ali bi-tri da América, LA.

Mas ainda faltava quase meia hora de jogo. Quase meia vida para o torcedor que cantaria ainda mais alto faltando cinco minutos para acabar no Uruguai. Quando no banco se viu você celebrando na mesma batida e toada da arquibancada. Parecendo aquele palmeirense que não o queria mais pintado de verde e branco.

E ali você foi a torcida. Talvez como nunca. Não poucos ficaram ainda mais nervosos. “Não celebra antes! Parece os outros caras!!!”.

Eu deploro soberba. Quem se acha se perde. Quem ganha antes já perdeu depois. Mas confesso: a sua celebração me tranquilizou. Não me pergunte o porquê. Mas ali fiquei mais tranquilo. Ou confiante – não metido. Claro que se o Flamengo empata, vira, o meme é eterno. A nossa ira, perene. Mas ali foi – e não me pergunte como – uma confirmação de que tudo acabaria bem. Palmeiras
Campeão. Bi. Tri.

Luiz Adriano, a sua extemporânea celebração foi o seu melhor momento. Quando você foi mais palmeirense sem ter sido – alviverde não celebra antes, e muitas vezes, nem depois (ele se alivia). Mas ali, não sei, você não parecia prepotente. Apenas confiante. Contente. Passando uma tranquilidade campeã.

Juro que não quero mais nenhum outro fazendo aquilo com a bola rolando contra um baita rival que em 2019 em Lima virou história com ainda menos tempo para isso. Mas foi ali, LA, que você foi um de nós na arquibancada.

Canta aê! Tem que jogar e também torcer com a alma e coração.

Eu daria a vida inteira para eu estar ali naquele banco. E você naquele momento nos deu a alegria de nosso canto ser real por toda a vida.

Boa sorte, LA. AQUI é Palmeiras.

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