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Mauro Beting: 'A glória eterna do Chiquinho'

A glória eterna de Breno Lopes também foi do Chiquinho, 65, em Maringá

(Foto: Arquivo Pessoal)
(Foto: Arquivo Pessoal)

A glória eterna de Breno Lopes também foi do Chiquinho, 65, em Maringá. Foi o último gol palmeirense que ele viu abraçado como desde 1996 sempre fez com seu filho Paulo Abrantes. No Mundial o Chiquinho não celebrou mais nada. Morreu no dia do jogo que não teve com o Bayern.

“Meu pai era meu melhor amigo, meu parceiro. A gente viu o Palmeiras na TV sentado no mesmo sofá a vida toda. Ouvia no rádio, no carro, no boteco. Sou imensamente agradecido a Deus pelo tempo que Ele me deu com meu pai. Teve uma época, quando eu era adolescente, que a gente não concordava nas cornetadas. Um chamava o outro de turma do amendoim. Mas sempre estávamos juntos”.

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Foi uma Libertadores que uniu o pai Chiquinho ao avô de Paulo: 1971, derrota pro Nacional uruguaio no Pacaembu. Show de Artime. Ex-artilheiro palmeirense. O avô chorou demais. O filho resolveu ser palmeirense para consolar o pai.

Vinte anos depois nasceu Paulo. Com 5 anos, em Londrina, foi ver o Palmeiras pela primeira vez no estádio. Goleada sobre o Fluminense. A maior partida de Djalminha.

Não largou mais o pai e o Palmeiras. Viram juntos a Libertadores de 1999. Choraram juntos no gol inacreditável de Cleiton Xavier contra o Colo-Colo em 2009.

Série B nunca os tirou do sério. Levaram sempre a sério a amizade e o Palmeiras. E o ritual de verem juntos os jogos.

“Ele estava muito animado com o Abel. E a felicidade que teve com o gol de Breno Lopes que deu a Libertadores quase 50 anos depois do Artime ter tirado a do meu avô acho que o levou também. Ele tinha diabetes e pressão alta. E um coração fraco que o médico diz que não sabe como aguentou tanto”.

Aguentou para repetir um ritual de 25 anos com o filho que o fez chorar quando arrumou um vídeo do Ademir da Guia o cumprimentando. Do filho do Chiquinho pro filho do Divino.

“Deus sabe o que faz. E Ele fez de um jeito que o último gol do meu pai fosse o da glória eterna”.

O coração o levou cedo. Mas também o levou tão longe e trouxe o filho tão perto pela vida por bater do mesmo jeito.

“Todo gol eu sempre celebrei com meu pai. Todos os gols agora eu consigo lembrar da voz dele nesses momentos. Eu acabo chorando sempre”.

Mas eu tenho a impressão que vocês sempre choravam juntos.

E não só vocês.

Vai ver que é por isso que eu fiquei chorando na cabine do Maracanã. Deve ser só por isso. E talvez por isso eu tenha ligado pro meu caçula celebrando com o meu amor e a minha enteada. Vai ver que por isso eu liguei pro meu mais velho comemorando com a namorada na casa dela.

Não é só a glória que é eterna.

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