Mauro Beting: ‘Éramos tão jovens’
Eu estava apenas reencontrando aquele Mauro que nada comemorou dos 9 aos 26 amos. Mas segue celebrando a emoção de ser o que mais gosto há 55 anos. Ser palmeirense.
“Não tem uma forma adulta de torcer por futebol”, bem definiu o maduro craque colorado Luís Fernando Verissimo. Pode ser como o meu irmão que ouviu Triumvirat no fone de ouvido até os 3 a 0, quando um dos filhos trouxe a boa nova. E ele ficou até o apito final tomando banho e cantando no chuveiro para ninguém invadir o banheiro e ele não ouvir o temor de uma parmerada.
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Pode ser como a Catarina que foi uma vez ao banheiro no Allianz Parque e não viu o imenso Danilo abrir o placar. Foi a segunda vez e não viu Zé Rafael coroar sua melhor partida. Então foi várias vezes ao banheiro. Para não ver o golaço de Veiga. Não ver Veiga mostrando a camisa no quarto. Catarina foi ao Allianz e não viu nenhum dos quatro. Agora que ela repita o ritual sempre que necessário.
Quando o time de Abel não estiver bem, Catarina já sabe o que é preciso ser feito.
Eu não sabia. De licença médica, não pude comentar a final. Mas estava entre amores e amigos numa final como torcedor pela primeira vez desde a derrota para a Inter de Limeira. Quando achei que nunca mais, em 1986. E agora espero não mais. Porque desaprendi a torcer. Não distorço enquanto comento. Mas como no domingo eu era apenas mais um no grito, voltei à fase zigótica.
Aos 34 finais, já o 3 a 0 necessário e de sonho, com a bola parada, olhei o relógio por três vezes. Aquele minuto 34 para mim durou os 16 anos de fila. Até Raphael Veiga tirar a camisa no quarto. E eu tirar de vez o que me restava de “maturidade”.
Chorei. Na foto tirada pelo meu caçula, vestindo a camisa com o nome do meu pai que o Palmeiras campeão de 2012 lhe deu no ano de sua partida, abraçado no meu amor adolescente eterno, eu chorei gostoso de saudade dele. Da minha mãe sem coragem de ver o jogo. Do meu mais velho em casa. Do meu irmão fora do país. Do comentarista fora de si. Mas do palmeirense já com saudade dessa que é uma das melhores e maiores finais contra o São Paulo.
Não importa o campeonato. Importa o Choque-Rei. O rival. O respeito. A história.
O sentimento. Aquele que a cada um dos raros ataques rivais fazia a minha Biondina se esconder atrás de mim. Ela também ainda mais menina pedindo proteção do marido.
E eu, colo. Onde fiquei no do meu pai na final do BR-73 no título sem gols contra eles. O único título que vimos juntos em estádio. Não vimos gols.
Mas eu também não vi o quarto de Veiga. Não tomava banho. Não fui ao banheiro para dar “sorte”.
Eu estava apenas reencontrando aquele Mauro que nada comemorou dos 9 aos 26 amos. Mas segue celebrando a emoção de ser o que mais gosto há 55 anos. Ser palmeirense.
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