Quando as bolinhas do sorteio definiram o Choque-Rei, o Palmeiras era favorito. Pela bola que vinha jogando em 2022 (a melhor no século). Pelo que fizera na final do Paulistão (a maior goleada numa decisão de estadual entre grandes desde 1902). Ano em que o Parque Antárctica foi palco do primeiro jogo organizado do futebol brasileiro. Onde naquele campo, desde então, nunca coube tanta gente como na noite da volta das oitavas da Copa do Brasil. Torcida única alviverde que viu avassaladores 12 minutos que inclinaram o plano no Allianz. E derrubaram o planejamento de Ceni.
Em 9, em belo lance, Piquerez igualou o confronto da ida no Morumbi. Aos 12, Veiga colocou o Palmeiras em vantagem pela primeira vez no duelo. O São Paulo conseguia ser ainda pior e mais amuado do que fora no SP-22. Não tinha a cera inconsequente e medrosa de Jandrei no Paulistão. Acontecia apenas o domínio absoluto palmeirense da bola, do campo e do tempo. Parecia questão de minutos nova goleada. Até que o São Paulo resolveu acordar e jogar. E o Palmeiras tirar o pé um tanto além do recomendável para tamanho domínio que poderia ter pulverizado as chances tricolores se o Palmeiras mantivesse o pique.
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Mesmo mais desfalcado, com menos futebol, elenco, time e confiança, o São Paulo começou a criar algo. Teve duas chances nos 45 iniciais. E viu o Palmeiras ter seis ao final do tempo.
Ceni mudou o time no intervalo. Patrick saiu. Luciano veio a campo. Mas não mudou tanto assim. O Palmeiras era mais perigoso no contragolpe. Dudu pela esquerda voava. Veron estava bem pelo outro lado. Veiga como 9 funcionava. Scarpa abria o campo pela direita em um 4-2-4 que segurava o assustado Wellington.
Pouco chegava o necessitado São Paulo. Até que o VAR deu o ar da desgraça. Bolada no braço de Calleri (em noite até então irreconhecível no 3-1-4-2 tricolor) virou pênalti que eu não marcaria jamais. E o Veiga que jamais errava pênalti desperdiçou a segunda cobrança dele pelo Palmeiras. Na sequência, o goleador tricolor recebeu bola em muito provável impedimento não observado. Passou por Gómez e caiu sobre a bola. Vuaden marcou o toque de Calleri. Mas o VAR pediu que interpretasse outro pênalti que não vi. “Menos pênalti” que o lance que eu não marcaria em Dudu no primeiro tempo. Suposta lei da compensação da cabine. Luciano bateu e marcou o pênalti quatro minutos depois do desperdício de Veiga.
Ceni mudou o Tricolor para um 4-1-3-2 sacando Miranda. O Palmeiras voltou ao jogo. Jandrei fez duas ótimas defesas que foram murchando o palmeirense que jogava tanto quanto o time de Abel.
Quando os pênaltis chegaram (depois da disputa prévia inicial durante os 90 minutos), o São Paulo era outro. Mais confiante. Mais Tricolor como não vem sendo nestes anos desafiadores. Sobretudo no Allianz onde só não foi perder quando eliminou o Palmeiras na semifinal do SP-19. Nos pênaltis. Na meta do Gol Norte onde Veiga bateu de novo para Jandrei defender. Onde Luciano bateu depois e Weverton pegou.
O goleiro palmeirense acertaria então todos os cantos. Mas os batedores tricolores acertaram ainda mais. Jandrei erraria todos os lados nas demais cobranças certas palmeirenses.
Até os quintos chutes. Wesley bateu e Jandrei virou o herói improvável da noite que antes de a bola rolar parecia que seria mesmo de pênaltis. Até Igor Gomes tirar enfim Weverton do lance e fazer história para um São Paulo que não era favorito no sorteio. Parecia entregue quando levou a virada no final do clássico, no Morumbi, pelo BR-22. Quando o Tricolor respondeu ganhando merecidamente o Choque-Rei seguinte no Morumbi. Mas parecia que sofreria nova goleada na volta na casa rival. Acabou mesmo saindo do Allianz com outra jornada inesquecível. Daquelas que podem ser o marco para a conquista da Copa do Brasil que falta na galeria.
O Palmeiras saiu arrasado do torneio. Mas com algumas lições possivelmente apreendidas. Com mais gana (e agora tempo para treinar e descansar) para conquistar o que é ainda possível. Mas nunca “provável” num esporte com tantas interferências e referências. E tamanha história de gigantes que podem perder jogos e campeonatos. Mas jamais a sua importância.
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