Mauro Beting: ‘Perdemos. E daí? Palmeiras 1 x 2 Defensa y Justicia (3 x 4 nos pênaltis)’

Que o Palmeiras não tem sabido cobrar os pênaltis que nem sempre Weverton vai defender, não se discute. Mas que o palmeirense não se perca mais uma vez em cobranças além da conta de quem tem crédito

O Palmeiras tem capacidade rara de ser o Palmeiras. Nem o Palmeiras conseguiria ser tão palmeirense quanto o Palmeiras.

Campeão da Libertadores com a segunda melhor campanha da história em 30 de janeiro. Perdendo nos pênaltis em 11 de fevereiro o terceiro lugar no Mundial. Campeão da Copa do Brasil em 7 de março. Perdendo nos pênaltis jogando até melhor do que um time que é melhor na Supercopa em 11 de abril (na segunda partida da temporada). Perdendo nos pênaltis um jogo maluco com má arbitragem para o campeão da Sul-Americana na Recopa, em 14 de abril.

Mais uma vez o Palmeiras joga direto: jogou 90 minutos na quarta. Mais meia hora e pênaltis na quinta. E na sexta tem Choque-Rei pelo SP-21.

O Palmeiras perdeu duas taças nos pênaltis. Mesmo assim ganhou bela bolada. Mas não como “vice” de torneios únicos. Conquistou mesmo como saldo positivo de duas conquistas que ninguém conseguira desde 1989 – Libertadores e Copa do Brasil. E a primeira com apenas três meses de Abel no clube. Quatro meses de Brasil no tetra da Copa.

Abel foi teimoso em não manter Danilo e Patrick ou Menino desde o início contra o Flamengo. Mas é jogo sobre partida. Para que tanto de Breno Lopes (a aposta dele na Glória que é tão Eterna quanto recente)? Luan de novo?! Mas não foi ele que foi tolamente expulso quando o jogo estava administrado em Brasília. Não foi ele quem não deu o bico na bola que daria no belo gol da virada do bom time argentino. Não foi ele que perdeu o pênalti na prorrogação. Nem os perdidos na disputa. Nem foi ele que deixou de bater cobranças tão decisivas.

Que o Palmeiras não tem sabido cobrar os pênaltis que nem sempre Weverton vai defender, não se discute. Mas que o palmeirense não se perca mais uma vez em cobranças além da conta de quem tem crédito.

Hora de levantar a cabeça e curtir as conquistas recentes. E eternas. E saber que nada é tão eterno – nem os canecos. Hora de ser terno. Entender os reforços necessários. As trocas prementes.

Mas não se deixar abater pela perda de canecos que só os campeões podem perder.

Só mesmo o Palmeiras para perder assim. Mas sem se perder assando cabeças.