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Mauro Beting: Rústicos

O jogador Rony, da SE Palmeiras, comemora seu gol contra a equipe do CS Emelec, durante partida válida pela fase de grupos, da Copa Libertadores, no Estádio George Capwell. (Foto: Cesar Greco)
O jogador Rony, da SE Palmeiras, comemora seu gol contra a equipe do CS Emelec, durante partida válida pela fase de grupos, da Copa Libertadores, no Estádio George Capwell. (Foto: Cesar Greco)

Rony igualou o inigualável Pelé em gols em Libertadores. Em breve deverá superar o ET insuperável.

Contra fatos existem argumentos no futebol. E não são poucos os que detonam as bikes desnecessárias, os gols inacreditáveis perdidos (e até os achados…), as enormes corridas inconsequentes, as incansáveis corridas que cansam os rivais de Rony. Dentro e fora do Palmeiras.

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Mais rústico que Rony bem definido e defendido pelos nossos JG Falcade e Artur Abramo, nesta casa: “Há dois meses, Rony beijou o chão ao tentar um peixinho em bola quase rasteira e perdeu um dos gols mais inacreditáveis que já vi. Ontem, acertou esse mesmo peixinho para abrir o placar em mais uma noite de Copa”.

100% Rony. 1914 Palestra. “Assistir Rony em noites latino-americanas é certeza de rede balançando. Às vezes, ela balança pelo lado de fora. Em outras, balança sem valer. Mas alguma hora pinta notificação.”

E como pinta. Pela ponta que prefere, ou como o 9 que é 10 e joga pelos 11. “E os telefones palmeirenses nem sempre são muito carinhosos com ele. Impacientes, como o próprio Rony em campo, muitas vezes, nos deixamos levar pelo furor do momento. Exageramos e nem sempre reconhecemos. Ele merece mais reconhecimento. Pode até faltar algum talento, mas nunca questione(mos) seu empenho”.

Quantos outros com a 10 jogavam muito mais – mas não se jogavam tanto? Ou não jogavam mesmo nada. E se julgavam Ademir da Guia? Rony é 11. Pode ser 7. Veste a 10 com funções de 9. E já foi até 2 em final de Mundial. Foi ala e foi lateral e foi atacante. Foi de tudo. Foi sempre todo ele. Como poucos sem a bola no Palmeiras. E sem um bolão para chamar de dele. Por mais nosso que a cada jogo seja. “Por trabalhar calado mesmo com barulho à sua volta. Por entregar o que pode e, às vezes, até o que pensamos não poder.”

É isso. Muito isso. Se por vezes sentimos que alguns atacantes nos calam de tanto que perdemos a voz de os criticar, Rony é realmente “rústico”. Como descreveram muito bem JG e é Tutu: “ele é quem mais calou minha boca. (…). Rony é resumo do palmeirense, só que calado. Rony explode em campo, trabalhando sem fim, correndo sem ter perna, como as que o fizeram bicampeão da América, mancando. Rony se irrita, como nós, erra, como nós, falha, como nós, mas só tenta responder trabalhando. Ele faz questão de mostrar que linhas e atacantes têm de ser de raça.

É isso. Rony é um palmeirense em campo como Abel, no banco: “Ele é a prova que conceitos podem mudar. Academias de Futebol sempre remeteram ao futebol de pura galhardia, beleza extrema, e conquista. A nova versão, que está sob nossos olhos, é mais esforço, mais suor e luta.”

É o que temos. E temos que muito celebrar: “Aprendi, em noites de Copa, que era possível ser elegante mesmo Rústico. Era possível vencer a América mesmo mergulhando com a boca contra a grama, mesmo errando os impossíveis e chegando às redes nos mais importantes. Rony é uma lição. E um campeão.”

Como Tutu e JG que mais uma vez escreveram e descreveram muito melhor este Palmeiras tão imprevisível quanto Rony. Tão campeão quanto eles todos.

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