Mister deles, e o nosso mister. Flamengo 3 x 0 Palmeiras

Foi a melhor semana do Flamengo nos últimos anos – e as próximas prometem ainda mais com esse timaço jogando bem e bonito. Foi a pior semana do Palmeiras nos últimos anos – e as próximas prometem muito menos com o time perdendo por WO, e o campeão de 2018 se perdendo pelo WC. Resultado: 3 a 0 para o Flamengo. E poderia ter sido mais pelas 7 chances rubro-negras no Maracanã em tarde de Flamengo (e ainda tirando o pé), e com o alviverde completando 135 minutos sem nenhuma oportunidade de gol em dois clássicos mais do que decisivos.
Fato que na primeira chegada paulista, um dos três volantes de Felipão (Matheus Fernandes) marcou de peito (que faltou à equipe) em lance do impedido Willian, em jogada de gol bem anulado apenas pelo VAR. No 4-1-4-1 mais defensivo desde a estreia do treinador que ficou 33 jogos sem perder no Brasileirão, o Palmeiras até tentou jogar um pouco mais. Mas bastou a primeira chegada carioca numa saída infeliz de Gómez para o absurdo trio que chegou este ano ao Flamengo (Bruno Henrique, Arrascaeta e Gabriel Barbosa, responsáveis por 72% dos gols da equipe em 2019) abrir o placar, em toque de imensa categoria e frieza de Gabriel cada vez mais Gabigol.
O gol aos 10 da primeira etapa parecia ter saído no último lance antes do juízo final alviverde. O time entrou em parafuso. Ou perdeu todos eles pelo caminho. O Flamengo nem precisou abusar do imenso repertório para tocar a bola, ficar com mais de 70% dela, e jogar como se fosse o time de Zico em 1981 contra o de Darinta então. Bastou acelerar um pouco para fazer o segundo, aos 37, quando Bruno Henrique foi limpando os adversários desde o meio (onde também não estava Diogo Barbosa) para passar a bola na cabeça de Arrascaeta. Nenhum dos volantes rivais da equipe que tem (tinha?) o melhor desempenho defensivo da temporada conseguiu alcançá-lo.
No final do tempo que parecia ser o aporcalipse, Willian ainda acertou o gol. Mas já havia impedimento de Vítor Hugo, em lance desta vez assinalado pela arbitragem de campo.
As únicas chegadas palmeirenses foram invalidadas. Por impedimento real e metafórico.
Felipão então tentou dar mais vida ao time com Veiga, em um banco sem Zé Rafael e Deyverson (as apostas de terça), e ainda sem Angulo (que serve à seleção colombiana, mas não ao time que tem Carlos Eduardo como opção). O Palmeiras conseguiu piorar o que era pavoroso. E o Flameng0 foi ainda superior, como é Gerson também como volante ao lado de Arão, suprindo a ausência que seria sensível de Cuéllar não tivesse o mister Jorge Jesus tantas opções. E tanto tesão para botar esse time mais à frente. Merecendo o coro de quase 70 mil no Maracanã de "olê, mistêr", na pronúncia da letra E fechada como estava a torcida com o time. E não escancarada como o Palmeiras com desempenho bovino e sem espírito de porco.
Tanto que no único erro da boa arbitragem, o encontro normal de Rafinha com Diogo Barbosa virou pênalti. Como destacou São Marcos no instagram, o "meu time tá sem coragem até pra reclamar que não foi pênalti".
Gabriel bateu com imensa qualidade e fez 3 a 0. Mais não fez o Flamengo porque precisava descansar da semana desgastante de uma temporada de sonhos reais. Enquanto, do outro lado, o Palmeiras seguiu sem ter uma chance de gol desde o primeiro tempo com o Grêmio. Neste BR-19, segundo as contas do Footstats, em nenhuma partida uma equipe ficou com apenas 8% da posse de bola no ataque como não ficou o atual campeão brasileiro.
O time que, se eu fosse presidente, ainda teria Felipão e Alexandre Mattos até dezembro. Mas exigiria até ontem explicação para tudo que desandou desde a Copa América.
Aproveitando para perguntar na Gávea como se faz para uma equipe que tem um treinador que chegou em junho ao Brasil, com reforços que estrearam depois da Copa América como Rafinha, Filipe Luís, Gerson e Pablo Marí, e outros como Arrascaeta, Gabriel Barbosa, Bruno Henrique e Rodrigo Caio que chegaram em janeiro, podem estar jogando tanta bola.
Palmas ao mister que encontra e encanta soluções. E mister o Palmeiras se recuperar das pancadas.